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Artigos-->O Movimento dos Sem América -- 01/06/2004 - 00:16 (Elane Tomich) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


O Movimento dos Sem América



Elane Tomich Buchmann.



"Eles dizem que é absurdo ter emoções,amar, ter sonhos e esperança.

Eles temem o absurdo de lutar por um mundo melhor, de sermos felizes, livres e criativos.

Eles temem o absurdo de rirmos deles, de sermos alternativos

Eles temem o absurdo.

Nós somos o absurdo".

CALAZANS



Sempre que nos referimos à América, em geral nos referimos aos Estados Unidos da América.

A eles sim, chamamos América, grande substantiva, sem necessidades de maiores atributos que a definam. Busch, é o presidente da América, os"americanos passam férias no Brasil.



A nós, cabem- nos adjetivos: americanos do sul, latino- americanos. Nossa identidade é pequena, precisa ser detalhada, nosso espaço simbólico é curto, nossa identidade indefinida.

Albert Memmi, grande antropólogo argelino e Simone de Beauvoir tratam deste assunto com muita propriedade. Em outras palavras dizem que quando um povo, uma nação, uma pessoa tem sua identidade dominada, passa a sofrer de altas doses de baixa auto-estima e passa a se definir negativamente, a partir das qualidades que o elemento dominante possui e que ele não.



O indivíduo ou povo com identidade bem estruturada é ativo ciente dos seus direitos ou orgulhoso do seu patrimônio simbólico, emocional e material. Este sujeito é ferrenho defensor do seu patrimônio e dos seus direitos.



A ideologia do dominador permeia soberanamente as relações da sociedade como um todo. A afirmação a supremacia do dominador são internalizadas pelo dominado e adquirem aí, um significado muito especial, o da auto- negação. Que é a afirmação positiva de tudo o que o outro é e tem.



Estamos vivendo hoje um verdadeiro massacre da nossa identidade e um medo inconsciente de, não sermos definidos com as mesmas caracteristicas do elemento dominante pois se não somos como ele, provavelmente somos inferiores e pior, podemos estar atrapalhando. Afinal,em tempos de carência (o mundo nunca esteve tão rico e o que chamamos de carência é,na verdade, concentração de renda), o excedente deve ser cortado. Ora, quem são os excedentes senão os "inferiores", esta sub raça faminta e com auto índice de proliferação?



Em tempos atuais, diante da crise do "Império Americano" a exacerbada tirania, a prepotência, a mutilação da democracia e do seu conceito não são características apenas da figura do presidente Busch.



É necessário que, para que a América sobreviva na sordidez das suas rachaduras, tenha um representante como o presidente atual, com as características de um xerife dos velhos faroestes onde ele é a lei, já que as leis universais já não mais lhe servem.



Então vemos os desmandos que acontecem hoje em qualquer parte do mundo onde haja algo para ser roubado uma vez que o seu patrimônio, o da "América" foi delapidado . Quando me refiro ao termo americano, refiro- me ao "Termo", que por suas características emblemáticas, possui uma gama vasta de representações e signicados. Não é uma referência ao povo que habita os Estados Unidos Da América, pois este, também sofre com os ataques desta medusa cheia de tentáculos venenosos, esta monstruosidade que hoje chamamos democracia .



O "comunismo"não deu certo. O capitalismo esta dando certo? Ou somos ingênuos o suficiente para acharmos que o capitalismo não é um sistema criado pelo homem , mas um instinto natural da espécie humana?



Autofágico como é, o capitalismo parece uma cobra engolindo o próprio rabo e ao reproduzir suas próprias dores, culpa sempre "o outro" aquele que não é "americano", pela suas feridas, espalhando veneno para todo lado.



Duvido que pela mente de qualquer brasileiro medianamente esclarecido não haja no fundo uma dorzinha de barriga por medo de sermos invadidos,no futuro pelas riquezas dos nossos rios e da nossa Amazônia, como não somos americanos e sim latino- americanos filhos de repúbliquetas não democráticas, será que seriamos terroristas?



Falido o estado de direito como conceito universal o nosso governo está muito bem representado para esse sistema e faz o jogo do falso estadista de um estado em frangalhos. O presidente é apenas o crupier desta filial de cassino, que o nosso país tornou-se." A banca recolhe a ficha senhores!" E haja impostos, verdadeiro estelionato! E haja furto dos nossos bens e da nossa dignidade. Verdadeiro assalto a mão armada, com vítimas fatais.

Qualquer pequena dívida manda-me para o SPC. E o governo que me deve eu mando para onde?



O governo Lula deve ser tratado como instituição, e por isto , com muita seriedade relacionando seus atos aparvalhados com a desordem mundial.

Um fenômeno muito interessante e previsto pelo meu mestre Paulo Freire esta ocorrendo: quando um império entra em crise caminha para o fascismo. Desmantela as instituições sérias, fortalece as corporações ricas.Já o povo pobre, que é a grande maioria da população, passa a ser tratado caridosamente como sub raça. Qualquer dia desses evoluiremos e chegaremos a ser macacos . Estas palavras são minhas e não do mestre por isto estão sem aspas, com ele aprendi a refletir, estabelecendo relações amplas, que é o que chamamos de historicidade e nos faz cidadãos, tornado-nos , mais que indivíduos, sujeitos da história. Aquele que constrói e, sabe que o faz, a sociedade que o constrói. Dai a necessidade de clareza ideológica e da escolha de valores éticos de grande amplitude: isto é, que sirvam para o bem estar, da grande maioria.



Outro fenômeno interessante destes tempos de transição é o piadismo. Sobre este assunto, Sartre fez uma análise brilhante em "Reflexões sobre o Racismo." Em outras palavras, Jean Paul Sartre diz que, diante da nossa impotência frente a destruição maciça dos nossos bens e valores, tornamo- nos exímios piadistas sobre a situação vivida e sobre seus atores. Sim, porque o fenômeno do piadismo nos transforma em platéia, expectadores da nossa própria vida. Críticos " distantes" de uma história que parece não nos dizer respeito, quando tem tudo a ver conosco. Este piadismo, na maior parte das vezes, nada tem haver com senso de humor e passa a nos dar uma idéia perniciosa de que estamos agindo sobre o sistema, quando, na verdade, estamos mais que nunca estagnados, como na poesia de Eduardo Alves da Costa, "No Caminho de Maiakóviski".



Repetimos, o presidente é uma instituição e como tal, o senhor Busch e no nosso caso, o senhor Lula devem ser tratados com muita seriedade e respeito ainda que seja para iniciar uma campanha para não reeleição deste perversos carneirinhos de presépios e se formos mais ousados quem sabe pedir suas renúncias. Afinal, o Green Peace não começou com um barquinho e apenas dois loucos "tripulantes"?



Enfim, de nós mesmos, somos o nosso caso mais sério. Este assunto é tão importante, que mereceria dos analistas políticos um tratamento de igual teor: seriedade e profundidade. O Arnaldo Jabor tem feito isto, mas, na maioria das vezes, não se aprofunda muito na questão, perdido na "mis en cene" da própria indignação. Em todo caso, parabéns, senhor Arnaldo Jabor, mas , aprofunde-se mais, já que ocupou, querendo ou não, um espaço propício para tais análises.



O senhor Diogo Mainartes, articulista da Veja, escreve bons artigos sobre o assunto, mas fixa- se demais na figura caricata do Lula, pessoa e não na instituição da presidência.



Falido o Estado, resta- nos a nação e é na auto- afirmação desta, da nossa cultura, da nossa raça de todas as raças, como diz Ulisses Tavares"...não existem brancos, não existem amarelos, não existem negros, somos todos arco íris", da nossa musicalidade, da nossa beleza natural da Amazônia e da nossa bacia hidrográfica, é que podemos começar a construir uma identidade nossa e positiva de fato.



Hoje parece que há uma onda de corsarismo:a nossa democracia está impregnada de corsários,

piratas e/ou estelionatários, oficiais.



Nenhum império quando tomba, deixa de fazer um estrago monumental. Aliás, toda destruição mórbida tenta arrastar seus próximos na queda de um poço fundo. Só que desta vez não serão apenas belas colunas de templos que ruirão, mas simbólicos e gigantescos World Trade Centers, que cairão sobre nós um povo chamado ninguém soterrados sob os escombros da América.



Obs:Acho que deveríamos ver com cuidado, o documentário sobre o ataque de 11 de setembro ao World Trade Center, proibido nos Estados Unidos da América do Norte, mas ganhador, nesta semana, do prêmio da palma de ouro em Cannes.



Teófilo Otoni, 25 de maio de 2004.

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