E agora a paz
Agora a tão sonhada paz
Paz desejada, idealizada
Mas desconhecida, estranha
Diferente daquilo que não se viu ainda
E surge a saudade do desconhecido
A gente pinta a paz como quer
Desenha o sorriso da paz
Estiliza os vestidos da paz
Escolhe seus perfumes
Monta-a conforme quer
E eis que o fato desmente a quimera
E vem o estranhamento
A surpresa constrangedora
A inquietação
Vem um temor intruso
Que a gente tenta espantar
Porque, com a paz, o temor não rima
E o desejo de modifica
Ou, ainda pior, morre
Não há mais desejo
Talvez jamais haja sonho
Jamais haja sono novamente
E os olhos, em vigília, já não sabem chorar
MAIO/2000
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