----- De pendor erótico incisivo, suave e harmonioso, a poesia destas "sandálias" caminha ao ritmo de sambinha voluptuoso, tal como o enleio de pantera urbana em passeio de cidade.
----- O texto, em equilibrado verso extenso, empurra-me os olhos para a imagem de alguém que dá boas cartas a atesoar as palavras. A apresentação gráfica mostra que se trata duma "mulata" experiente na lide usinal, desta feita o mais exacta e regular possível.
----- Vê-se nítido que acima de cima adora escrever e sobretudo provocar, benfazeja, a ressurreição dos tão degenerados papás da humanidade. Quiçá por isso se tenha calçado com tirinhas que mostram o pé faminto todo deitado na cama.
----- Cheira-me... Cheira-me... Quase a sinto... Mas não tenho a certeza. Vale bem a pena nunca descobrir para também nunca se correr o risco de tentar estragar.
----- Com vénia e tão só pelo valor literário...
--------------- SERÁS O QUE ÉS? ------------------
-------------- Não sei quem tu és
-------------- Mas tocas-me a algo
-------------- Como flecha e alvo
-------------- Unidos lés a lés
-------------- Sinto-te ao convés
-------------- Do barco que sou
-------------- E se vens eu vou
-------------- De quilha a teus pés
-------------- Caso valha a gema
-------------- Em clara magia
-------------- Dá-me poesia
-------------- E faz-me um poema
-------------- Mulata... Morena...
-------------- Com sandálias ou não
-------------- O teu cantochão
-------------- Vale sempre a pena!
----------------- Torre da Guia ------------------