Soavam as trombetas dos anjos anunciando o juízo final.
Na imensidão de um espaço que não existe,
As lamentações não se faziam ouvir
E uma multidão que se não via estava se bipartindo.
Eu, louco, desvairado, caminhava com o rosto sereno
e dirigia-me para a eternidade do mal, voluntariamente,
tendo consciência da minha fraqueza na vida,
julgando não ter feito o que me levasse ao céu.
Subitamente, um anjo de luz, todo branco, visível,
dirigiu-se a mim e conduziu-me para junto de Deus
e eu não compreendi por que, quando ouvi o intangível:
“As fragas do mar batiam revoltas no casco da nave.;
não havia salvação. Apenas o comandante escapou porque fugiu:
não cumpriu seu dever de homem, mas o de existente.”
26.12.58.
|