Dou-te o meu desejo novo de ser feliz,
de amar profunda e tresloucadamente.
Convido-te a vir com teu sonho,
com teu desejo de fragilidade,
com tua vontade de seres quem és,
sem fortalezas,
sendo apenas o que sentes.
Não sei, de fato, mas pressinto
que serias capaz de me tomar a alma
de assalto – na mão
e dela fazer canção tamanha,
que o universo inteiro, ouvindo-te,
trar-me-ia um novo sopro,
feito um trago de fresco vinho tinto.
Peço-te perdão antecipadamente.
Sou assim, poeta, meio louca.
Vivo de lumes, versos, taças e encantos.
Tenho na mão um fogo, no peito um buraco
feito de vazio – é uma fome de amor,
um desejo de sorrisos, dias quentes.
Ai, eu queria um mundo novo, de alegrias,
de gente humana, de puros arrepios,
como se a vida fosse – e é – uma grande cópula
de risos, alimentos, canções e poesia.
Anda, responde, me diz de ti o que te move,
me conta mais dessa lágrima que te habita.
A minha é eterna, mas é uma lágrima quente,
ácida, disposta a tudo.
É uma lágrima dessas raras que, quando rola,
leva consigo o mundo, os anjos, os deuses,
uma lágrima quente de poesia.
E tu, que queres chorar tua lágrima própria,
que queres ser frágil, ser humano,
me dá teu beijo, me dá teu sopro,
me dá o que de ti emana,
porque o sonho se faz de mil maneiras,
mas a maneira certa – é a de quem ama.
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