Se Deus se encontra próximo de quem o invoca, deve ficar longe de quem não o invoca. Se quem não o invoca é porque espera uma prova concreta da existência de Deus, não o terá por perto nunca. Então, Deus é cada vez mais presente para quem já nele crê e cada vez mais distante de quem nele não crê. É por isso que o mecanicista que se diz crente, precisa criar dois mundos: um do concreto que se vê, se sente, se cheira e se pega e outro de Deus, espaço distante, inacessível. Para esses, Deus é alguém que existe para explicar algumas coisas que não fariam sentido sem uma causa primeira. Esse Deus teria criado tudo e puxado o carro do nosso universo, esperando tudo terminar num lugar bem remoto. Quando esse Deus decide se manifestar é muito raro e aí se tem um milagre. Essa foi, mais ou menos, a saída de Descartes. Para o mecanicista ateu, então, está tudo certo porque só existe o concreto mesmo e Deus não tem a menor chance de existir. O agnóstico oscila entre uma opção e outra, e essa dúvida cruel define mais ainda seu concretismo e o eventual milagre também faz sentido. Já um Deus que habita no meio dos homens e pressupõe a constante vida do espírito não se encaixa nas opções anteriores. Estes, como se sabem espíritos também, se sentem mais à vontade para invocar a Deus. E Deus se faz presente. Este é o Deus das sutilezas e os milagres, neste caso, são constantes. Na história da humanidade, tem-se modelos de Deus de todos esses tipos e eles se fazem presentes nos arquétipos disponíveis a cada um hoje, construindo o inconsciente coletivo. Dele cada um puxa o que mais está acostumado e lhe é mais familiar. Qual modelo de vida você está usando hoje e por que? Qual é o seu modelo de Deus? Ele lhe faz sentido e lhe realiza como ser humano? Questionar nunca é demais!