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Contos-->Traços -- 29/12/2001 - 08:51 (Leandro Martinez) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Traços

A linha tracejada brilhava sob os quatro faróis. O traço mais próximo entrava embaixo do nosso carro exatamente sob o freio de mão. O mais distante via-se entre as duas luzes, mostrando que eles estavam lá, esperando. Pela distância entre os carros, a pista entre eles não se via. O Sapo bateu no vidro do meu lado, girei a manivela, abri.
- Tão prontos?
- Sempre.
Correu, a trote, o quilômetro até os faróis. Também bateu no vidro.
- Tão prontos?
- Tamos.
- Cêis já sabem, quando a lata pegue fogo, tá valendo.
Andando, pegou a lata vazia, a lata de querosene, os fósforos. Onde menos se podia ver, parou. Colocou querosene na lata vazia, a lata no chão, acendeu o fósforo. Com a luz do fósforo comecei a acelerar, sem marcha, sentindo o carro.
- Eu não saio nem pensando. Morro antes, Bruno.
- Ainda bem, não vim aqui pra ficar feio.
- Cê é um cagão.
Protegendo o fósforo do vento, o Sapo acendeu o querosene e saiu de perto. Pelo barulho dos dois carros derrapando viu que tínhamos visto, nós e eles. Primeira, acelerei com tudo. Segunda, terceira, quarta. E eles primeira, segunda, terceira, quarta. Cem por hora.
- Vamos morrer.
- Cala a boca Bruno, eles vão sair.
Eles a cem por hora, os dois ficavam cada vez mais próximos, e não saiam. Apaguei os faróis. Viam-se só os dois círculos, cada vez maiores, e o fogo da lata de querosene.
- Cê tá louco?! Assim eles nem vão poder saber se desistimos!
Um cobertor negro cobriu a paisagem e só sobrou o fogo da lata. Abri a janela para ouvir. O ronco do nosso motor era indistinguível do deles, mas o barulho, cada vez maior, mostrava que estávamos cada vez mais perto.
- Cara, sai da pista! Olha a lata ali, tamos chegando.
No mesmo segundo em que o barulho parou de crescer, ouvi o Sapo gritar, a lata passar ao nosso lado e, com vento, cair.
- Ganhamos.
- Cê é louco! Cê é louco! Agente quase morreu!
- Que quase morreu o quê! Eles já tinham saído, faz um tempo, se não tínhamos batido do mesmo jeito.
Parei o carro, liguei os faróis. Manobrei na pista, dei meia volta. Onde o fogo do querosene ainda estava queimando a pista, desci, o Bruno também desceu.
- Ganhamos, Sapo! Onde estão aqueles maricas?! Já fugiram?!
O Sapo me olhou, quieto. Do outro lado, pararam eles, desceram, gritando.
- E aí panacas! Aprenderam como se corre?! Ainda tá tremendo, Bruno, seu cagão?!
- Que merda que cês tão falando? Vão pagando!
- Porra, Sapo, qual é a brincadeira desses babacas? Cê que não tem nada a ver, fala prôs tontos quem desviou.
O Sapo me olhou, olhou para eles. Olhou para o Bruno ainda tremendo. Quase sem voz, quase que abafado pelo ruído do motor de um dos carros...
- Ninguém.

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