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Artigos-->SHAZAN, A FORÇA DO PODER -- 06/05/2004 - 22:01 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


SHAZAN, A FORÇA DO PODER

(Por Domingos Oliveira Medeiros)



De médico e louco, todos temos um pouco. E de psicólogo, também, eu diria. Porque somos observadores. E porque somos curiosos. Enfim. Pelo menos foi esta a experiência que guardo na lembrança. Experiência que, de tempos em tempos, aflora do escuro de meu inconsciente, comparando e refletindo sobre o cotidiano que envolve o caminhar de pessoas e nações sobre o fio tênue e fascinante do poder. Do poder constituído. Do poder de estar à frente. De poder de fazer. De exigir. O poder de ter. Que, com raríssimas exceções, abarca, de igual modo, o poder de ser.



Assim, logo no início de minha adolescência, eu pensava em relação ao nosso super-herói de aço, nas cores azul, vermelho e branco, que transitava nas páginas dos gibis, vale dizer, das revistas em quadrinhos, que dominava grande parte da cultura infanto-juvenil da época. Seu nome? O Capitão Marvel. O bom e poderoso amigo de todos. O salvador e protetor dos mais fracos. Que se transformava no homem de aço após clamar por “Shazan”, o seu pai divino e misterioso. Que lhe dava poderes super-humanos. E transformava a figura do tímido jornalista Clark Kent (?) – não me lembro da grafia correta – de uma pessoa humilde e bastante simples, como a maioria dos seres humanos, num herói de verdade.



Herói que se colocava a favor da justiça e protetor de todos. Capaz de voar e de evitar que um avião caísse ao solo, por algum defeito, matando todos os passageiros. Capaz de segurar um navio com uma só mão, mudando-o de lugar, a fim de evitar que o mesmo afundasse em decorrência de um enorme furacão, ou coisa semelhante.



Claro que tudo isso não passava de propaganda subliminar de uma grande potência, os Estados Unidos, que, para tanto, valia-se da grande arte do cinema – a sétima das artes, se não me engano - para atingir seu desiderato; numa época em que se dividia a hegemonia mundial com os comunistas da, então, União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, a URSS da famosa “cortina de ferro”.



Hoje, as histórias de poder deixaram os quadrinhos e passeiam livres pelas ruas e praças do mundo inteiro. O poder, a fama, o dinheiro, continuam a fascinar as pessoas. A competição é acirrada. Em todos os níveis.



Nas eleições para vereadores, deputados estaduais, federais e senadores. Governadores e prefeitos. E para presidente, então, nem se fala. Vale de tudo: mentiras, intrigas, alianças, propinas e até homicídios são cometidos; tudo em nome do poder, que traz mais poder.



E o poder tem lá sua face psicológica. Dizem que se conhecem melhor as pessoas dando-lhes poder e dinheiro. Acredito nessa premissa. Basta dar uma olhada em volta do mundo.



Quem não conhece, por exemplo, uma pessoa que, de pacata e simples, ao prestar concurso para a polícia militar, e após vestir a farda, ou seja, investida de poder de polícia, a todos surpreende ao espancar um cidadão sem motivo aparente. Apenas por suspeita de o mesmo ter cometido algo errado?



E outro policial que, também fardado, mas de personalidade oposta ao citado colega, estando de folga, é capaz de arriscar sua vida, mergulhando num rio caudaloso, para salvar uma criança que nele se afoga?



É desse modo que o poder perpassa do piso da ascensão social até aos cargos mais altos da sociedade: como o cargo de presidente, por exemplo, nas chamadas democracias onde imperam a liberdade e a prosperidade para todos.



Tem pessoas que, uma vez eleitas. ao sentar-se na cadeira presidencial, julgam-se detentoras da melhor sabedoria. Calam-se, diante das injustiças. Não ouvem os que o elegeram. Desconhecem seus amigos de anos e anos. Perseguem. Criticam. Mudam de opinião como quem troca de cuecas. Julgam são os donos da “melhor” verdade. Como se a verdade não fosse única. E começam a ditar normas. A fazer uso constante de medidas provisórias, de expedientes sorrateiros, e até de mentiras. Negociam com seus pares, no Congresso Nacional, por exemplo, as alianças que lhe darão, em tese, mais poder. Ainda que, para tanto, tenham que dar algo em troca: cargos, verbas, enfim, migalhas de poder.



É assim que o poder desmascara as pessoas. Mostrando a verdadeira cara da hipocrisia escondida no seu interior mais íntimo; principalmente quando inexiste elo causal entre a imagem que a pessoa procurou disseminar junto à população, e sua verdadeira personalidade. Personalidade que, em muitos casos, nem a própria pessoa conhecia. . Nessa hora, o que era aço - forte, justo e bom -, passa a ser lata enferrujada; fraqueza de caráter e egoísmo disfarçados.



Assim foi a visão que tive das invasões do Afeganistão e do Iraque. Em nome de combater o “mal”, e de “salvar” pessoas, cometeu-se o desvio de poder. Prevaleceu a arrogância, no lugar da tolerância. A lei e a ordem foram deixados de lado. À revelia da opinião internacional e das regras de instituições legalmente constituídas, como a ONU.



Em nome de interesses escusos, invadiram países. Quebraram a soberania e pisaram nos preceitos democráticos. Mentiras foram usadas como verdades aparentes. E o resultado não poderia ser diferente: todos perderam. E perderão muito mais ainda, na medida em que as verdades surgem.



E a maior perda, com certeza, virá de uma triste certeza: a paz, mais uma vez, estará sendo adiada. Tudo pela má utilização do poder. Perdeu-se a grande oportunidade de fazer, com o poder, a promoção da justiça social; do bem comum; da paz e da prosperidade entre os povos. Investiu-se na violência. Optou-se pela discórdia. Apostou-se na concentração do poder e de riquezas. Declarou-se guerra aos seus semelhantes. Em nome de uma minoria. Fria, irresponsável e gananciosa.



06 de maio de 2004 .













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