A Morte da Independência
(por Domingos Oliveira Medeiros)
O dia não foi muito alegre
Parece que nem era o dia
Da independência da Pátria
A rua estava vazia
Faltava bandeira e apito
Criança soltando o grito
Nenhum pipoqueiro se via
Não vi aviões passando
Por cima da nossa cidade
Voando baixo e criando
Um clima de ansiedade
Não vi militar fardado
De uniforme bem passado
Seria isso verdade?
Até procurei no rádio
A canção do cisne branco
Não ouvi sequer tocar
Vou ser breve e muito franco
O Hino Nacional Brasileiro
No meu tempo era o primeiro
Que se ouvia no flanco
Ainda tive a esperança
De ver passando com graça
No céu azul a evolução
Da Esquadrilha da Fumaça
Mostrando todo o valor
Com garra e muito fervor
Do nosso piloto de caça
Voltei o olhar para baixo
Tropa de elite não via
Agulhas Negras, Força Aérea
Não tinha uma Academia
Nem o carro de combate
Nem o cachorro que late
Faltava gente e magia
Até a famosa pirâmide
Que o Exército fazia
Só veio com a metade
Dos homens que nela subia
As crianças até notaram
Algumas até choraram
Desfile não parecia
Faltou público e dinheiro
Por conta da economia
Dos cortes do orçamento
Que o governo fazia
Prá pagar muito dinheiro
Ao capital estrangeiro
Que ele tanto devia
E agora que a guerra acabou
Que o País ficou quebrado
Muita coisa destruída
Tudo vai ser reformado
Nessa eleição que acontece
Vou fazer a minha prece
No túmulo desse soldado
Soldado desconhecido
Deixou a gente sem nada
Com fome e sem emprego
Quebrou a Força Armada
Investiu no capital
Esqueceu o social
Sai agora em debandada
Vai mudar de uniforme
Vai vestir outra camisa
Lá fora com nosso inimigo
Mas amigo é quem avisa
Nessa próxima eleição
Vou mudar de capitão
É disso que o país precisa
Vou mudar toda a equipe
Do batalhão da economia
Que não acertou no alvo
Diz que fez e não fazia
Não acertou nem um tiro
E agora o jeito eu sugiro
Melhorar a pontaria
A verdade é que essa gente
Jogou contra a maioria
Pegou dinheiro emprestado
E não fez o que devia
Só gastar o que arrecada
E a Nação endividada
Isso é muita covardia
