Varandas de apartamentos
Espírito imóvel no tempo,
olhos fixos na paisagem,
braços cruzados no peito.
Espreito-a!
Acho-me em vantagem.
O seu silêncio respeito.
De leve, corre uma aragem
que os seus cabelos agita,
e há um leve palpitar.;
quem sabe no que medita
aquela estátua em varanda
de prédio de apartamentos?
Moro à esquerda, último andar.
Apanho o mesmo horizonte.;
na frente, os prédios rebaixam.
Sigo fazendo uma ponte
sobre paredes pintadas
e chaminés que se encaixam
no vermelho dos telhados.
Em vez d árvores, antenas.
São florestas encantadas...
de tubagens dirigidas
por onde imagens, centenas,
dum mundo que nós não vemos
descem para a nossa sala.
São assim as nossas vidas.
É este o mundo que temos.
Quem sabe, a minha vizinha
gosta daquilo que vê,
co´a paisagem se regala?
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17/01/2001
Laura B. Martins
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