Na observação do cotidiano, coisa que é afeta aos filósofos - me falta base teórica para tal -, aos poetas - nesse campo me arrisco - e ao cidadão com maior nível de consciência, por vezes nos tomamos de grande angústia.
É preciso dar sentido à tarefa do exercício de qualquer tipo de poder. Porque o poder confere a possibilidade da ação. E toda ação, é o óbvio, tem consequência.
Elevar o nível de consciência, para mim, que sou poeta, é isso - a percepção de que o meu ato tem consequências para o ambiente. Ambiente inclui pessoas, fundamentalmente.
Não exatamente a pessoa que está ao meu lado, apenas.
No exercício do poder, que é o que pretendo tratar aqui, toda ação tem uma consequência.
A alienação no exercício do poder consiste exatamente na perda da capacidade - ou na não aquisição dessa percepção - de avaliar o quanto a ação que tomo - ou deixo de tomar - influi no ambiente.
Portanto, passo a usar o meu poder - adquirido no exercício da própria vida, para influenciar o ambiente em meu favor. E que se dane o resto.
Quando evoluo um pouco, dedico um tanto a influenciar, também, a vida daqueles a quem amo e estão próximos.
No grau seguinte, sinto-me na obrigação de ajudar os que me cercam.
No proximo, passo a me sentir comprometido com o mundo - pessoas, meio ambiente.
Aí é - pense globalmente e atue localmente. Mas o foco tem que ser maior.
O cotidiano é cruel.
Cada vez mais somos obrigados a usar nosso tempo para tantos desafios que nos engolem! Manter a capacidade de análise, de forma a atuar em harmonia com os interesses coletivos, preservando a individualidade e a ternura, é o desafio.
Você trabalha feito um louco, tem que estudar o tempo todo para se manter atualizado num mundo em que as teorias vão se transformando numa velocidade vertiginosa, tem filhos, amigos e o ser amado para dar atenção e carinho, impostos a pagar, o orçamento para controlar, a mídia para se informar, o cano que estourou...
Haja equilíbrio para se manter sã! E não ficar acordado até uma hora da manhã... tendo que trabalhar na manhã seguinte.
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