SÚPLICAS
J.B.Xavier
05-02-2002
Oh eternas tempestades de vaidades
Que tonitruantes
Devastais os corações dos homens
Oh flores de eternas primaveras!
Oh neve que gelais os cimos das montanhas,
Oh deuses que nos abandonastes...
Olhai por nós, pobres humanos
Que perdemos a noção de humanidade...
Oh lágrimas que queimam minhas faces!
Em mim lateja a vergonha,
De nada fazer pelos que morrem
Sem sequer terem vivido!
Oh terríveis emissários dos céus!
Acalmem vossos desejos de violência,
Que pulsam aqui embaixo
Nesta Terra devastada...
Oh terrível vergastada,
Que me abre a carne e expõe minhas entranhas!
Que são essas vozes, quão estranhas
São as promessas de paz!
Oh deuses que detém nosso destino!
Afoguai-me em meus próprios remorsos
Por ver uma criança em pele e ossos,
Clamando pelo alívio da morte benfazeja!
Oh Fraqueza que me invade, oh sorte!
Que me faz caminhar com essa desenvoltura
Por entre a Morte!
Oh emissários das desgraças humanas,
Serenai a vossa sanha!
Oh divindades que ordenais o firmamento!
Vinde a nós, de todos os vossos planos,
E ensinai-nos uma vez mais
A nos sentirmos humanos!
Oh dores que me abrem o peito,
Que me extirpam esse impensável sofrimento
E me atiram a frieza de um projétil!
Oh, Senhores do Entendimento!
Afastai de nós, pobres mortais
Essa insuportável agonia!
Oh Loucas adagas frias
Que trazeis estertores por presente,
Oh loucas e impensáveis tempestades,
Que devastais os corações dos homens!
Rogo-vos trégua!
Vergo meus joelhos, ante essa incapacidade
De buscar, de viver e de espalhar
Felicidade!
Oh agentes do infortúnio!
Oh anjos caídos, oh! Demônios!
Afastai-vos de nós, pobres e fracas criaturas,
Levai de volta as loucuras
Em que nos mergulhastes...
Oh Deuses da piedade e da candura!
Afastai a loucura
Que se instalou entre os homens!
Dai-nos ainda alguns momentos de felicidade plena,
Dai-nos a doçura
De iluminadas esperanças,
Olhai por nossas crianças!
E iluminai-lhes os caminhos
Não as deixai ir por onde fomos,
Oh Deuses de amor e entendimentos!
Faça-as melhores do que somos!
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