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Discursos-->O Aprendiz de Feiticeiro -- 15/02/2006 - 17:35 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

O APRENDIZ DE FEITICEIRO
(A Urucubaca de BENIN)
(Por Domingos Oliveira Medeiros)


Dizem que eleição faz milagre. Mas o presidente, que nunca (ou pouco) sabe das coisas, já afirmou, categoricamente, que não acredita em milagres. Por via das dúvidas, o eterno viajante resolveu apostar todas as suas fichas no VODU. Segundo o “pai dos burros”, trata-se de culto de origem jejedaomeana, praticado nas Antilhas, principalmente no Haiti, e que combina elementos de possessão e magia, semelhante aos rituais do candoblé afro-brasileiro. Provavelmente, o envio de tropas para aquele país possa explicar o interesse do governo em liderar o processo de restabelecimento da democracia por aquelas bandas. Em troca, quem sabe, receberá o necessário apoio dos países africanos em seu propósito de conquistar assento no Conselho de Segurança da ONU. Uma mão lava a outra.

Não é por outro motivo, tudo leva a crer, que o nosso viajante adotou o continente africano como parada obrigatória para dar vazão aos seus rompantes de estadista e líder mundial; ou para suas “fugas”, como queiram. Segundo o próprio, a onda de “denuncismo” tem sido a origem de toda a “urucubaca” que envolve o seu governo. Particularmente, não acredito nessa premissa. A “urucubaca” está mais relacionada com a falta de bons projetos. E com o péssimo desempenho dos poucos que foram lançados, com muita pompa e propaganda, caso do Fome Zero, mas que têm frustrado as expectativas mais generosas, posto que não vêm apresentando os resultados esperados. Caso do discutível projeto de COTAS para ingresso nas universidades públicas, que visa beneficiar os estudantes egressos de escolas públicas, nossos irmãos negros, pardos, mulatos ou de origem indígena, e os que assim se definirem. Na verdade, a questão, nos termos em que está sendo colocada, esconde a incapacidade (ou desinteresse) do governo em oferecer, como é de sua obrigação constitucional, educação pública de qualidade, suficiente e gratuita para todos os brasileiros.

A propósito, é pacífico o entendimento de renomados juristas no sentido de que nenhum diploma legal pode ferir cláusula pétrea do artigo 5º da CF, segundo o qual “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza”. Além do mais, subsiste o agravante de que tal medida afronta o princípio do sistema do mérito, adotado para a seleção de candidatos em concursos públicos e vestibulares, que desejam, de forma democrática, ingressar em órgãos da Administração Pública.

Mas o nosso presidente não demonstra qualquer preocupação com os fatos. Continua com sua prosa costumeira, mantendo distância da realidade. Deixando boquiabertos a maioria da população - entre desiludidos e arrependidos -, perplexos. Ninguém está convencido de que o presidente teria sido apunhalado pelas costas. Ou de que nada sabia acerca do “mensalão”. E, mais recentemente, de que ainda não se decidira em candidatar-se à reeleição. Em que pese sua constante presença em palanques de carrocerias de caminhão, elogiando os feitos do seu governo, criticando eventuais concorrentes, cortando fitas de inaugurações diversas, sem esquecer dos adeusinhos, do sorriso largo e dos afagos em idosos e crianças, geralmente humildes. Pratica, nosso mandatário, verdadeira obra de engenharia política. Correndo contra o tempo, colhe os frutos do que teria plantado, e que entende ser do seu direito.

Está mais do que evidente: Lula vem tapando os buracos das rodovias que o levarão, assim ele espera, com maior segurança, à sua reeleição. Todavia, senhor presidente, “fechar o corpo” e escancarar a boca, ou sentir-se “mais leve”, de nada adiantará se não houver sinais claros de mudanças de rumos e de propósitos na condução dos destinos do País. Para tanto, será preciso muita coragem e humildade para reconhecer erros e mudar prioridades. O Brasil, na condição de país, pode até apresentar melhoras valendo-se, apenas, dos instrumentos de política econômica. Porém, como Nação, continuará produzindo passivos sociais, caso o governo não resolva colocar os brasileiros no bojo de suas diretrizes e ações governamentais.

É preciso, sim, exorcizar a “urucubaca”. Porém, apostando na fé e na oração. Rezando com força. Só assim, Deus, que já deu mostras de simpatia pelo Brasil, poderá ajudar nossos governantes a entender que países e nações não prosperam sem a existência de rumos claros e bem definidos; sem programas e projetos; sem planejamento, competência gerencial; e , principalmente, sem acreditar na capacidade criativa de seu povo. Na base de discursos vazios de conteúdo e cheios de publicidade e propaganda enganosa, ditados por marqueteiros de plantão, não chegaremos a lugar nenhum. Não há VODU que dê jeito.

Sob pena de ficarmos na dependência dos espíritos escondidos em cabanas de palhas. Dançando, literalmente, ao som do improviso do sobrenatural. Do mesmo modo como temos dançado ao som do ritmo macabro das votações secretas do Congresso Nacional. Votações, a rigor, responsáveis pelas dúvidas que pairam sob a lisura de seus resultados. Resultados que alimentam, quase sempre, a “urucubaca” geral, abrindo espaços para a impunidade e para os predadores anônimos, que se alimentam do sangue dos brasileiros. Brasileiros, trabalhadores e honestos, que pagam altíssimos impostos, criados e cobrados, ironicamente, pelas autoridades que elegemos como representantes de nossos interesses. Brasileiros, na verdade, cidadãos temporários. Que são lembrados, e bajulados, apenas, em épocas de eleição, para dar legitimidade ao pleito. Cidadãos que, infelizmente, nada recebem em troca. A não ser a conta das promessas (não cumpridas) de campanhas.

A persistir pelos caminhos obscuros e esburacados do seu governo, Vossa Excelência correrá, nas próximas eleições, o mesmo risco de que foram vítimas os antigos habitantes do vilarejo de QUIDAH, em BENIN, guardadas as diferenças de enfoque, arrancados de sua pátria e jogados nos porões de navios, por conta de interesses meramente de ordem econômica. Escravos que, atualmente, se juntaram aos extintos traficantes que o exploravam, e que hoje se espelham no sugestivo PORTAL DO NÃO-RETORNO, monumento construído em 1995, como forma de reavivar o sentimento de dor e de indignação de que foram vítimas, durante longos anos.

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