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Um homem caído, eu encontro e evito,
traz cheiro de fezes, no corpo encolhido.
Essa massa cinzenta, podia ser minha:
irritante, angustia, envolvida em jornais.
Restos que voam pro norte
- haja vida!
e a sorte que insiste em chegar...
Devo estar impregnada da ilusão de ser imune,
quero o cheiro de perfume e o conforto dos lençóis.
O mendigo não possui a face do meu amado,
pai ou filho que eu aguardo, à noite para o jantar...
O rumo das coisas tem sempre seu risco,
não devo e não quero pensar...
As sortes que temo, pertencem à vida,
ela aponta pra dança e é pra rir ou chorar!...
Restos que voam pro norte
– haja vida!
e a sorte que insiste em lançar,
a tola impressão de não sermos nós mesmos,
o estranho do encontro, essa fome a matar...
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