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Artigos-->A corda dos enforcados -- 20/04/2004 - 08:57 (maria da graça almeida) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A corda dos enforcados

maria da graça almeida



Tecida fio por fio,

num jogo de desafio

o sangue das mãos maculava

a corda dos enforcados.

E os fios se avolumavam

com corpo ardente e infame

e em mãos do malefício,

a vergonha, o vexame,

enquanto braços medíocres,

com argumentos nefastos,

construíam com desembaraço

a estrutura do cadafalso.

A trama a cingir-lhe o pescoço

antecipou as dores que o moço

sentiu sob olhares tão falsos

ao soar, derradeiro, o compasso.



Ali dormiria com a crença

na desigualdade da sobrevivência,

onde a luta por seu ideal

impingiu-lhe, precoce, a dormência.

Dormência que castos e justos,

com dor, sacrifício e custo,

entregaram, na terra, à corda,

manchada de irreflexão e discórdia.



Em vertigem faltou-lhe o chão,

que tão forte quanto a opinião

levou-o ao encontro da morte,

abreviando a vida de um forte.

Os anseios não foram vãos,

nem mesmo sua intenção,

a corda dos enforcados

não matou o projeto, aviltado.

As sementes que foram lançadas,

por respeito a tanta gente,

brotaram em solo árido,

mas frutificaram não tardiamente.



Os cabelos e barbas compridas,

inertes, quedaram-se ao chão

e cabelos e barbas tão nuas

não lhe tiraram a razão.

O sal que salgou o seu corpo

é o mesmo que nos salga a boca

ao deparamos com a intemperança

dos irresponsáveis, ou loucos.



A corda dos enforcados

não apodreceu com o tempo,

ficou como visgo sublimado,

pela dor do arrependimento.

E ainda que muitos não julguem

esse herói com verdades de herói,

do pescoço, no laço da corda,

as dores ainda me doem!





maria da graça almeida

maio/1998

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