Na obra com o título acima, do saudoso poeta Vasco de Castro Lima, além dos muito conhecidos e famosos sonetos luso-brasileiros, encontramos jóias como estas:
de Lorenzo Stecchetti-Itália(1845-1916):
"Pelo Outono"
Quando ao cair das folhas pelo outono,
tu fores procurar no Campo Santo
minha cruz, hás de vê-la num recanto
como atirada em místico abandono.
Sobre o leito em que durmo o último sono
verás de flores um rosado manto,
que regarás com lágrimas, enquanto
caírem folhas mortas pelo outono...
São flores que nasceram do meu peito.
Colhe-as tu, de joelhos, com respeito,
num gesto de carinho e de meiguice,
para enfeitar, à tarde, os teus cabelos:
- São poemas que pensei sem escrevê-los
e palavras de amor que não te disse...
Ou como o seguinte, de Sully-Prudhome-França(1839-1907):
"A Filosofia"
Uma triste mulher, que em si mesma, silente,
se abisma, em pé curvada: eis a Filosofia.
Solitária, na sombra entra, e ali se confia
aos impulsos da fé, que em seu íntimo sente.
A terra, as estações, o azul resplandecente,
a volúpia falaz da vida que irradia,
tudo o que o nosso olhar percebe, a deixa fria:
ela reclama e busca um sempiterno ausente.
Virgem augusta, eu te amo e o teu pesar compreendo:
de ti me aproximando, o meu hálito prendo,
para não perturbar o teu labor divino.
Porque de tua boca eu espero o segredo,
que desejo saber e de que tenho medo:
- minha origem qual é, e qual o meu destino?
Por hoje vou ficar com os dois exemplos acima. Desejo ir publicaqndo - dois a dois - os sonetos de que mais gosto, divulgados no famoso livro do saudoso poeta Vasco de Castro Lima. |