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Artigos-->A Casa da Mãe Joana -- 16/04/2004 - 22:56 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos




A Casa da Mãe Joana

(por Domingos Oliveira Medeiros)



Nós, os seres humanos, temos nossas diferenças e nossas semelhanças. A despeito de sermos, no plano individual, únicos. Mesmo que tenhamos nascidos no mesmo dia e segundos; mesmo que tenhamos sido gerados no mesmo útero. Ainda assim, guardamos diferenças e semelhanças. Diferenças e semelhanças para o lado positivo ou para o lado negativo. Tudo irá depender, é claro, do que cada um entende por negativo ou positivo. Dentro de sua estratégia de defesa de seus conceitos, crenças e valores.



Cada um procura a sua verdade. Mas, no final das contas,- como a verdade também é única -, a verdade verdadeira acaba sobrepondo-se às verdades aparentes.



Tem gente, por exemplo, que detesta mudanças. Fica arrepiado só em ouvir falar de mudanças e de regras. De normas. São pessoas que resistem à idéia de trocar de comportamento e de atitude. Como se a vida fosse estática, imutável. Como se o tempo não estivesse a exigir constantes adaptações, ou transformações, que são, de certa forma, “sinônimos” de mudanças.



São muitas as razões deste comportamento arredio às mudanças e ás regras. Todas elas, entretanto, infundadas. Há, no caso, um erro de origem. De que permanecer ou perpetuar a condição de agora significaria garantia de conforto e de segurança acerca do que somos, do que pensamos e do que fazemos neste momento.



Já escrevi muito sobre a necessidade de mudanças. E também já fui muito criticado por isso. Aqui mesmo, nesta página, existem pessoas – um grupo reduzido - que se manifestam contra qualquer tipo de mudança. Criticam a pessoa que sugere. Fazem pouco caso do que foi sugerido. Mas não entram no mérito. Não se atrevem a apresentar justificativas para o seu contraditório. São contra, simplesmente. . Contra todas as mudanças e regras. Como se mudanças e regras fossem coisa do outro mundo. Como se a própria natureza não fosse um processo de mudanças.



Claro que estamos falando de mudanças no sentido positivo do termo. Mudar para melhorar. Mudar para sobreviver. Reagir às intempéries do tempo. A fim de que não sejamos pegos de surpresa. E que nesta hora passemos a condição de obsoletos. Superados. Sem condições de continuar o que estivermos fazendo. O que estivermos pensando. Inerte. Esquecido. Quase morto.



E para não morrer é preciso mudar. E para mudar, com sabedoria, é preciso estabelecer regras. Regras de conduta. Regras de comportamento. Regras exigidas pela própria função de planejar. Sem planejamento, não há futuro que agüente.



Max Weber, o pai da burocratização, soube bem diagnosticar e apresentar as soluções para a necessidade de se estabelecer regras. A burocratização de que falamos não tem nada a ver com o sinônimo de “entrave”, de “demora”, que representa um paradigma criado pela mente dos que confundem liberdade com anarquia ou libertinagem. Uma crítica, muitas vezes infundada, acerca do serviço público. Como se no setor privado não existissem má qualidade na prestação de serviços.



Mas voltando ao tema, os que são contra as mudanças e as regras, vivem, e até já se acostumaram com elas, mesmo que não saibam. E mudanças e regras permeiam desde coisas mais simples, como a fila de um banco, até questões mais complexas. Se não tivesse essa “regra” de comportamento, que bagunça não seria a hora em que o banco abrisse suas portas e os clientes iniciassem uma louca correria em direção aos caixas, no pressuposto de quem chegar primeiro seria o primeiro a ser atendido. E quem seria o segundo? E o terceiro? Se não há regras para a fila?



Que seriam dos consumidores se não fossem os “manuais de instrução” que acompanham os objetos que compramos no dia-a-dia? Como entender o funcionamento daquela máquina? Daquela calculadora? Como mexer na televisão? Como instalar aquele programa de computador? Como armar e desarmar aquele guarda-roupa que compramos?



E o vestibular? Como poderíamos participar de um vestibular onde não houvesse regras específicas para participação do evento? E os editais de concursos públicos? Estabelecendo as datas e os locais de inscrição e de realização das provas; os critério para habilitação e classificação. O conteúdo programático?



E as regras para as competições esportivas? Regras para os campeonatos de futebol? Quem será o campeão? Como aferir tais resultados? E o horário de trabalho? Também precisa de regras. Regras para seu início e término. Iríamos trabalhar sem cumprir horário? Seria isso bom para nós? E no cinema? Não haveria regras para manter o silêncio?



É por isso que existem as regras. É por isso que existem as leis. E é por isso que existem as mudanças na legislação. Porque os comportamentos mudam com o tempo. Do mesmo modo que as atitudes. Da mesma forma que as crenças e os valores, a tecnologia, o clima, a política, a economia e a própria religião.



Se não mudarmos, transformaremos o planeta no pior lugar para se morar. Na CASA DA MÃE JOANA. Sem número, sem o Código de Endereçamento Postal, sem regras, sem responsabilidades e sem portas. Onde todos fariam o que viesse à cabeça. Em nome da espontaneidade, que é sempre confundida com autenticidade. Dizer e fazer o que quer, sem juízo de razão e de valor, espontaneamente, é pura anarquia.



É nessa hora que surgem os “lixeiros” , os “justiceiros”, os “piratas”, os “pichadores”, os “caluniadores”, os “invasores de espaços” e os “hipócritas” que acham que tudo está como deve estar: Em nome de uma pretensa “liberdade de expressão”. Nada é absoluto. Nem a própria liberdade. Pois, na verdade, quando optamos pela liberdade, abrimos mão de parte dela, em respeito à liberdade dos outros.



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