No próximo dia 24/04/04 estarei voltando para Cuba.
Não estou indo a passeio.
Vou para Cuba porque lá encontrei calor humano, solidariedade e atenção.
Lá encontrei pessoas que vivem modestamente, sem luxos, mas não vivem com medo de perder seus empregos nem com medo de andar na rua.
Estou indo porque nada me prende ao Brasil. Não tenho amigos com quem conversar, não tenho uma mulher para amar e minhas filhas pouco me visitam.
A situação de extrema insegurança na qual vivemos transformou-nos em pessoas desconfiadas, individualistas e medrosas.
Se alguém fala conosco na rua para pedir uma informação qualquer, nossa primeira reação é de susto pensando tratar-se de um assalto.
Parar no sinal vermelho à noite, nem pensar.
Se os cubanos estão impedidos de deixar o país por não terem dinheiro para viajar, nós estamos impedidos de circular livremente sem ser abordados por lavadores de pára-brisas, flanelinhas, mendigos e assaltantes.
Pode ser que eu me decepcione com a vida em Cuba.
Pode ser que eu descubra que, por maiores que sejam os problemas, é melhor viver no Brasil.
Não sei, só vou descobrir quando estiver lá.
Pode ser que eu tenha que voltar por não conseguir renovar o meu visto de permanência ou porque a cubana que eu namorar faça questão de viver fora de lá.
Se alguma coisa fizer com que eu volte, pode acreditar, vou me sentir como alguém forçado a voltar ao campo de batalha depois de haver desertado.