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Discursos-->LANÇAMENTO DE MIGUEL GUARANI , MESTRE E VIOLEIRO -- 01/01/2006 - 00:00 (Francisco Miguel de Moura) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
LANÇAMENTO DE “MIGUEL GUARANI”

Francisco Miguel de Moura*



Vejo-me numa situação embaraçosa. Situação mais ou menos parecida com a daquele personagem que se achava na obrigação de discursar em toda e qualquer solenidade, e fazê-lo de improviso. Recorreu a um “amigo”, que realizou seu improviso por escrito e o entregou. De posse do papel, decorou-o integralmente, e julgou-se dono da situação. Saiu por aí a fazer discurso em qualquer festa, reunião, etc. fosse de casamento, enterro, batizado, ou apenas de aniversário de alguém. Em cada situação ele teria que adaptar o texto, mas não se advertiu disto, era muito trabalho. Numa festa de casamento, largou o discurso que mais se adaptava a um aniversário, foi proferido também numa festa de batizado. E por aí seguiu. Desastre total foi no sepultamento de uma personalidade da cidade. Pediu a palavra e largou o discurso de aniversário que fora escrito por seu “amigo”. Gritos, protestos de toda forma. Saiu do cemitério a pedradas.Virou um tipo popular da cidade.
Temo que assim possa resultar o meu caso: Ter que fazer discurso em Francisco Santos, Santo Antônio de Lisboa, Picos, respectivamente em 27, 28 e 29 deste fim de mês e ano, cada um no lançamento do livro “Miguel Guarani, mestre e violeiro”. Temo que vou repeti-los, senão com as mesmas palavras com o mesmo conteúdo. Não sou um orador, nem na Academia Piauiense de Letras nem alhures. Portanto não vou bancar o hoje do que não sou, porque tenho lutado tanto para ser verdadeiro, para ser autêntico.
Saí de Francisco Santos (Jenipapeiro) com 6 anos de idade, precisamente do Curral Novo, com meu pai e nossa família andamos mundos e fundos feitos uns dom quixotes. Aprendi que não se recebe nada que não se tenha merecido antes Mesmo que seja do coração de Deus.
Assim, acredito que esta homenagem a mim – autor deste livro “MIGUEL GURANI – MESTRE E VIOLEIRO”, e a ele, o biografado – eu mereci, nós merecemos, inclusive toda a numerosa e honrada família Moura do Diogo, que depois se espalharia para outros recantos.
Disse um sábio orador francês, se não me engano, Voltaire: – que “tudo o que aconteceu de importante no mundo vai terminar num livro, e se ninguém escreveu sobre determinado fato ou sobre determinada personagem é porque não eram (não foram) importantes.” Se assim é verdade, meu pai agora está inscrito no panteão da historia dos que trabalharam pela educação no Estado do Piauí, especialmente para os filhos desta terra. E ainda fez arte popular, poesia, com a qual se divertia e divertia as gentes habitantes destes rincões e de outros rincões, nas bocas de noite.

Visto que a praxe moderna é que o autor não deve falar nada sobre o conteúdo do livro no dia do lançamento, deixando o ineditismo do fato, a novidade que os leitores que provavelmente vão saboreá-lo, aqui dou um corte no meu discurso. E passo a ler um documento que diz tudo de mim neste momento, especialmente daquilo que toca esta terra e sua gente, sua vivência e minha vivência:

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Carta aos leitores de “Miguel Guarani, Mestre e Violeiro”:

Certa vez, alguém me disse em público que eu só sabia ler e escrever. Não é verdade. Não gostei do “só”. E como este é um documento público, embora que de menor alcance em pouco tempo, preciso explicar isto um pouco mais. Sei ler e escrever, sim. Mas sou uma pessoa vivida – nasci em 16 de junho de 1933, no povoado Jenipapeiro, cidadão franciscossantense e picoense ao mesmo tempo – e aprendi a fazer muitas coisas, nem todas de muita utilidade. Assim, sou um antiutilitarista. Hoje só leio e escrevo porque acho o mais importante para um aposentado. Mas trabalhei na roça, fui mestre-escola como meu pai, Miguel Guarani, fui comerciário (naquele tempo, caixeiro de loja ou de armazém) e muitas pessoas de Jenipapeiro e Santo Antônio sabem quanto eu fui competente na última atividade. O primeiro patrão, em Santo Antônio foi Pascoal Silva; o segundo – Isaac Batista de Carvalho, também em Santo Antônio; e o terceiro, já em Jenipapeiro – Areolino Joaquim da Silva, os dois últimos já falecidos. Quando deixei seus estabelecimentos comerciais – o segundo, para ir trabalhar em Jenipapeiro e o terceiro, para ir embora pra Picos – ficaram tristes por algum tempo, o último praticamente chorando tanto quanto eu, por causa do meu sentimentalismo. Mas a vida me chamava. Sebastião Nobre, Francisco Almeida e Manoel Paschoal, os três Guimarães, com os quais trabalhara no serviço de demarcação, me colocaram em contato com um parente em Picos, seu Abraão Conrado, de saudosa memória, e daí fiquei na cidade trabalhando e estudando. Trabalhei em Cartório, fui Escrivão de Polícia. O Cap. Romão era o Delegado e me delegava poderes para resolver muitas questões, além de ter sido um bom datilógrafo, formado na Escola de Datilografia de Elpídio Pereira Bezerra, a quem muito tenho que agradecer também, pelos seus ensinamentos. Tornei-me bancário do Banco do Brasil, em 1957, por concurso duas vezes, a primeira em Picos, a segunda em Fortaleza. Exerci no Banco do Brasil as funções de Investigador de Cadastro, Ajudante de Serviço, Chefe de Serviço e, interinamente, Subgerente. Só não fiz trabalhos que não me convinham moralmente, embora alguns chefes insistissem. Fiz o que sabia e o que devia. Sempre soube até onde vai minha inteligência e meus deveres sociais e éticos, por isto nunca tentei botar a mão onde não alcanço nem dar passadas de sete léguas. Funcionalmente nunca recebi uma reprimenda, nunca minha ficha foi manchada com uma falta. Os gerentes com quem trabalhei gostavam de mim e eu deles, com apenas uma exceção. Fora do Banco desenvolvia outras pequenas atividades tais como estudar (fiz o Curso de Letras) e lecionar em colégios do Estado. Depois troquei a sala de aula por um programa de rádio, na Clube de Teresina. Foram 26 anos batidos de bancário, 2 de escrivão na Polícia, 4 de comerciário, totalizando 32 anos até me aposentar, sem falar num tempinho que trabalhei nas “Casas Pernambucanas”. Aprendi com minha mãe, Josefa Maria de Sousa (Zefa de Miguel), a fazer cofo, surrão, vassoura, abanador, esteira, chapéu, algumas comidas, etc. ainda muito criança, do esqueci quase tudo; e com meu pai, Miguel Borges de Moura (Guarani), a ler, escrever e contar – o mais importante para minha vida profissional, e aprendi a pescar, sobretudo boas amizades. Aprendi a obedecer e, sobretudo, ouvir os mais velhos, os que tinham mais experiência – eram eles nossa televisão e internete. Aprendi a perdoar e ser humilde, jamais a ser humilhado. A escolha com liberdade e a opinião responsável foram e são importantíssimas na minha formação e na minha vida pública e privada. Se mais não aprendi foi por falta de tempo e de inteligência. E esta Deus é quem dá, e da minha nunca me queixei.
Já perdoei todos os meus inimigos declarados ou não, sem esperar que algum venha a me pedir perdão. É que, comumente, as pessoas são muito orgulhosas e é preferível não melindrá-las no seu amor próprio.
Sou amigo da verdade e da sinceridade, nervoso, polêmico, às vezes explosivo, mas tudo não passa de um momento. Volto à razão, com a mesma rapidez e intensidade de antes. Quem guarda velharias é museu. Eu só guardo as boas coisas: lembranças, saudades e o amor de quem mo dedica e ao qual correspondo.
“Sou pequeno, pobre, feio e moro longe”, mas não chorem por mim. Sou poeta e amo até sem ser amado, quando poucos têm a honra de assim ser e fazer. Já publiquei 23 livros, metade deles de poesia, a outra metade de prosa. Minha estréia se deu com “Areias, (Teresina, 1966). Daí por diante não parei mais, passando para tantos outros, tais como “...E a vida se fez crônica”“, Ternura” e “Laços de Poder”. Os mais recentes são “Sonetos Escolhidos” (Rio de Janeiro, 2003), e “Os Estigmas” (Teresina, 2004), sem contar este “Miguel Guarani, Mestre e Violeiro” – uma prova de amor a meu pai, a minha mãe, a minha família, a meus parentes de Jenipapeiro e à própria terra onde nasci. Quem não ama sua terra e sua gente não ama ninguém, nem a si próprio. E eu me amo. Sou escritor e poeta dos bons, dizem os críticos; e não tenho inveja nem faço inveja a ninguém, porque não me sinto o maior nem o menor. “Jamais me sentiria feliz se, em o sendo, pudesse tornar os outros invejosos”, frase lapidar de Ascendino Leite. E eu a estou repetindo com ele.
Á pequena turma do contra, por isto ou por aquilo, ofereço como lembrança o “poeminha” de Mário Quintana: “Todos esses que estão aí / atravancando meu caminho, / eles passarão... / Eu passarinho”. Não faz mal a ninguém. Sem guardar mágoas nem ressentimentos, sem nada esconder de mim ou dos outros, falo tudo (escrevo) e sou feliz, passarinhando... Graças a Deus. Assim seja.

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Como nenhum livro é feito sozinho, nada é feito sozinho, especialmente os livros desta natureza, quero ler os agradecimentos a diversas pessoas que participam de uma forma ou doutra do livro “MIGUEL GUARNI”, com dados, informações, entrevistas, crônicas, cartas, informações, etc. sem os quais a obra jamais seria escrita tal como está:
AGRADECIMENTOS
Este livro não teria sido possível sem a colaboração da Profª. Iracilde Moura Fé Lima (autora da obra “De Moura aos Moura Fé”), de Antônio Borges de Moura (tio Toinho, o principal informante e fornecedor de documentos), da prefaciadora Profª Rosa Araújo Lima, de minhas irmãs Helena Josefa de Sousa e Maria Josefa de Sousa, dos escritores Gilson Chagas, João Bosco da Silva e João Erismá de Moura, do poeta Wilton Santos (recentemente falecido), Simplício Morais Santos (primeiro prefeito de Francisco Santos), de meus filhos Francisco de A. Franklin Morais Moura (autor da capa), Fritz Miguel Morais Moura (ilustrador), de Maria Nazaré Rodrigues Silva, Francelina Macedo de Holanda Ribeiro – professora de Literatura em Picos, descendente do velho Zuca Panta, do Angico Branco – e de tantas outras pessoas citadas, ou não, no corpo do trabalho, às quais deixo sua palavra de sincera gratidão.
E “Miguel Guarani – Mestre e Violeiro”, conquanto não seja um modelo de biografia, é uma obra oportuna como preito de eterno amor e reconhecimento a meu pai e mestre, principal personagem, como não poderia deixar de estender-se a minha mãe e minhas irmãs, inclusive a Teresinha de Jesus Moura, já falecida, pois juntos sofremos e construímos nossas vidas, que se entrelaçam a outras vidas, na verdade e no cultivo das virtudes cristãs.
Enfim, resta-me agradecer também a gentileza da Prefeita de Francisco Santos, Cauleosa Santos, por ter colocado meu livro como parte integrante das comemorações desses 45 anos de independência da cidade, e aos meus parentes aqui presentes. Agradecer a presença das autoridades e jornalistas que ilustraram esta solenidade. Talvez fosse bom dizer nome por nome dos de minha família Moura. Mas é impossível, visto que o número é tão grande e me arriscaria a esquecer algum, o que seria bem pior. Agradecimentos especiais cabem à minha família: minha esposa Maria Mécia Morais Moura, meus dois filhos e esposas, minha filha Mécia (também escritora), e meus netos que me acompanharam nesta maratona ingrata de escritor.
Para finalizar, desejo a todos muita sorte nos anos vindouros, e que a cidade possa completar os cem anos crescendo em bem estar e a felicidade para todos os seus cidadãos e, assim estes possam cultuar todos aqueles que por ela trabalharam e se distinguiram no seu trabalho e no seu modo de vida honrado, criando suas famílias e cuidando das atividades sociais. Pois, como disse o pensador italiano Luciano Crescenzo:
Somos todos anjos com uma asa só; e só podemos voar quando abraçados uns aos outros.”

Teresina, PI, 26 de dezembro de 2005.
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FRANCISCO MIGUEL DE MOURA, escritor brasileiro, mora em Teresina. E-mail: franciscomigueldemoura@superig.com.br
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