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Contos-->O PRESENTE DE NATAL -- 21/12/2001 - 16:02 (Luiz Carlos Amorim) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Peguei o gravador e saí da redação para a nova tarefa da qual fora incumbido: entrevistar crianças a respeito do Natal, que já estava perto. Iríamos fazer uma matéria mostrando o que os pequeninos, na sua maneira de entender, pensavam da grande festa. Para começar, fui para perto das lojas que vendiam brinquedos. Aproximei-me de uma das muitas crianças que estavam olhando as vitrines. Liguei o gravador e fui logo perguntando o nome:
- Celso – respondeu o garoto, de aparência saudável e vestido com roupas simples, porém bem cuidadas.
- Quantos anos você tem?
- Seis.
- Você sabe o que é o Natal?
- Bem... é quando a gente ganha presente...
- Só isso?
- É...
- Nunca lhe disseram que o Natal existe porque foi nessa noite que nasceu o menino Jesus?
- Não sei...
Notei que o microfone o estava inibindo e preferi perguntar alguma coisa que ele soubesse responder.
- E você ganha muitos presentes no Natal?
- Vou ganhar um brinquedo e chocolate.
- É o Papai Noel que traz os presentes para você?
- Acho que é...
- Você acredita em Papai Noel?
- Papai Noel?
- Ele existe de verdade?
- Acho que sim...
O pai de Celso, que estava perto, pegou-o pela mão e entraram na loja. Procurei por uma criança que fosse um pouco mais velha e parei perto de uma garota bem vestida, que parecia se de classe mais privilegiada.
- Qual é o seu nome?
Ao ver o microfone, ela ficou muito faceira e respondeu com entusiasmo:
- Cristina.
- Quantos anos tem?
- Oito.
- O que é o Natal, para você?
- Natal é quando Papai Noel vem para trazer uma porção de presentes para a gente.
- Papai Noel existe?
- Bem, tem o Papai Noel de verdade, que vem na noite de Natal trazer os presentes e tem muitos de mentirinha, que ficam nas lojas, por aí.
- E o Natal é só isso?
- Não, tem árvore enfeitada, tem presépio...
- Por que tem presépio?
- Eu... não sei...
- Nunca lhe falaram do menino Jesus, que nasceu numa noite que ficou sendo a noite de Natal?
- Falaram, mas eu esqueci...
Agradeci e segui adiante. Muita gente pela rua, fiquei em dúvida quanto a qual criança entrevistar, então. Numa vitrine próxima, um garoto sujo e maltrapilho olhava os brinquedos, olhava além da vitrine, para dentro da loja e para a porta. Quando cheguei perto dele e perguntei-lhe seu nome, ficou assustado. Pensei que não ia responder, mas olhou outra vez para a porta e disse seu nome: João.
- Quantos anos você tem?
- Sete.
- O que está fazendo aqui?
- Eu... estou só olhando a vitrine...
- O que você acha do Natal?
- É muito ruim.
- Por que?
- Porque todo mundo ganha presente e a gente, não.
- Você nunca ganhou presente de Natal?
- Não. Nós somos pobres, meu pai morreu. E eu, meus irmãos e minha mãe moramos debaixo da ponte e lá não tem Natal.
- Você acredita em Papai Noel?
- Papai Noel? Eu só conheço Papai Noel como esse que tem aí na porta da loja, tocando um sininho todo o tempo.
- E você sabe por que todo fim de ano, como agora, tem Papai Noel, presentes, árvore enfeitada e tudo o mais?
- Não.
- Você já foi à escola?
- Não.
- Alguma vez lhe contaram que Jesus nasceu nesse dia que passou a ser o Natal e que é por ele ter nascido que se faz esta festa?
- Acho que já, minha mãe deve ter contado...
- E você acredita nesse Jesus que nasceu no presépio de Belém?
- Não.
- Por que?
- Porque não adianta pedir um presente de Natal que não vem. Só os ricos ganham...
- Mas João, Jesus nasceu e morreu por todos: por mim, por você, por todos... Ele é filho de Deus, que está aqui e em todo lugar. Ele está dentro do seu coração. Não é porque você é pobre que ele o vai esquecer.
Nisto, sai correndo da loja um outro garoto, de uns nove anos, com um brinquedo nas mãos. Esbarrando nas pessoas, abrindo caminho desesperadamente, chegou à rua, quando na porta apareceram outras pessoas, a correr atrás dele. Mas o menino já estava atravessando a rua e, ao olhar para trás, desequilibrou-se e caiu. Um carro, dos muitos que iam e vinham, não conseguiu desviar e atropelou-o. O trânsito parou e João começou a chorar, gritando o nome do outro garoto e caminhando para o local do acidente. Segui-o. João, chorando, tentou segurar José, que estava muito machucado, agarrado ao brinquedo. Sujou-se com o sangue de José, que ainda teve força para dizer:
- Mano, eu trouxe o teu presente...
João olhou para o irmão, agora inerte, olhou para o brinquedo, quebrado, e depois para mim. E continuou a chorar.




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