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Artigos-->20. QUINTA PEREGRINAÇÃO ASSISTIDA -- 06/09/2001 - 07:22 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Já desconfiou o companheiro Arnaldo que este sistema talvez não seja o mais conveniente para atrair a atenção do público. Mas qual poderia ser a fórmula sagrada do despertar para o evangelho de Jesus, se nem mesmo o Novo Testamento oferece atrativos universais?



Também não queremos ser taxativos, porque a realidade da obra milenária era muitíssimo outra, apesar de a natureza humana em nada haver mudado. O que se alterou foi a profusão dos apelos externos, a mixórdia das realizações científica e tecnicamente aperfeiçoadas em chamativos poderosíssimos.



Como podemos enfrentar o distúrbio provocado pelas imagens e pelos sons vindo conversar sobre temas tão maltratados, ainda mais porque declaramos que estamos esforçando-nos, o que deve repercutir como confissão de negligência, de desconhecimento, de ignorância? Claro que vamos dizer que essas idéias se projetam do fundo da alma dos críticos desprovidos de bom senso, porque incapazes de se aprofundarem nas propostas temáticas do grupo.



Em todo caso, para não delongar a inócua discussão das impropriedades de que o mediunismo lança mão quase obrigatoriamente (estamos esperando os espíritos capazes do designer up-to-date e das realizações junto à musica pop), vamos prosseguir de acordo com o planejado com os professores. Para quem se predispôs aos desenvolvimentos rebeldes, o que temos feito está para lá de disciplinado, como se os componentes desta classe tivessem tido grau superior de escolaridade. Na realidade, submetemos os textos ao grupo, que os arruma como pode pelas recordações vocabulares, indo aos trancos e barrancos, arranjando e rearranjando as frases, períodos e parágrafos, sob a assistência de Resildo, este, sim, habilitado para a redação. Por outro lado, vamos contando com a colaboração preciosa do escrevente, que, no momento mesmo da transmissão, segue preocupado com o valor gramatical do ditado, de sorte que, em não julgando bom, vai dispondo as vibrações, apesar da velocidade com que escreve, com lógica e alguma elegância. Mais tarde, elimina as arestas, sempre sob a recomendação de não adulterar o conjunto da mensagem, porque desejamos manter (sintam o atrevimento) as nossas características estilísticas.



Esta divagação metodológica se prende ao fato de suspeitarmos de que muitos leitores possam objetar contra o conteúdo doutrinário, porque não encontram nas mensagens o ponto de apoio que julgam o ideal para que se sintam convencidos da verdade evangélica qual propugnamos. Haverá quem vá lembrar-se dos pastores das seitas ligadas ao protestantismo, para cotejar com os nossos arremedos de pregação e de estímulo religioso e de culto, com grave inferioridade para nós - é claro! - que afloramos os temas bíblicos mas não estabelecemos precisamente o número da fogueira ou do tacho de azeite fervente em que serão cozidas as almas impenitentes dos que estão ferindo as diretrizes e cânones eclesiásticos, nem damos relevo aos padrões de regalada vida material.



Estamos enfatizando tais aspectos com o objetivo (cujo lobrigar deve estar tornando-se cada vez mais fácil) de introduzir um companheiro com tais problemas desde sua encarnação de tremendos sacrifícios carnais.



Josualdo nasceu com graves deficiências fisiológicas. A saúde era um tão intrincado complexo de dificuldades que o falecimento fora clinicamente previsto para os doze anos de idade. Viveu até os dezesseis (acredita ele que por iniciativa dos mentores espirituais, os quais estavam desejosos de vê-lo superar os traumas que acrescentou aos débitos antigos). Nesse curto período existencial, viciou-se com os remédios, primeiro; depois, estando cada vez mais depauperado, não hesitou em solicitar que lhe dessem morfina (que se fez acompanhar de outras drogas, pelo desespero dos que o atendiam, que julgavam inútil qualquer tentativa de reerguê-lo perante a vida).



Os mais espertos já devem estar imaginando que vamos dizer que faltou a Josualdo uma palavra espírita, que deve ter ele ficado nas mãos dos pastores, os quais lhe davam conselhos esporádicos, porque não viam como salvar-lhe a vida, para glória do milagrismo religioso. Não é que acertaram!



Sem querer ofender a ninguém (e já correndo o risco disso), vamos solicitar aos leitores que realizem uma pequena comprovação religiosa e, de coração aberto, digam para vocês mesmos se estão contentes com as perspectivas de além-túmulo que se abrem através de nossas dissertações, tendo em vista o seu próprio desempenho moral (ou ético). Não é verdade que, mesmo quem está integrado no Movimento Espírita, está tremendo de medo de sentir-se diminuído perante a consciência, para as acusações que estagnarão os espíritos por longo tempo nas tristes regiões umbráticas?



Mas a solução cármica nem sempre se dá perfeita, como estamos vendo no caso do irmão Josualdo, que reencarnou com a recomendação do sofrimento pungente a ser compreendido, aceito e reverenciado como a manifestação da justiça divina, e terminou nas mãos de algozes muito duros no desejo de retaliação.



Vamos ouvir-lhe a entrevista em estado de hibernação psíquica:



- Você já está compreendendo o sistema de castigo e de recompensas cósmicas, conforme as leis de causa e efeito?



- Mais ou menos. O que não chego a entender é o fato de estar a responder com mais perfeição às perguntas que me fazem através desta abertura na espessa camada dos entulhos emocionais. Por que não posso ser sempre este que se está declarando muito mais atilado? Que impede à Providência de me favorecer o despertar para a realidade subjetiva, tornando-me este esclarecido discurso na forma mais corrente de me expressar? Por que devo ficar a remoer os fracassos quanto ao império de minha vontade, já que desejava e muito cumprir as obrigações conforme a recomendação dos pastores? Ainda me resta o problema insolúvel do fato de estar entre pessoas tão cordatas, tão sábias, tão caridosas, enquanto eu mesmo não favoreço o meu próprio desenvolvimento segundo os prismas estabelecidos por Jesus e, de resto, impregnados em minha memória, tanto que sou capaz de reproduzi-los através da recitação integral dos versículos dos quatro evangelistas.



- Se você passar uma temporada conosco na crosta terrestre, acha que resolverá essa configuração filosófica, ao mesmo tempo que suplantará as deficiências morais correspondentes?



- Não direi que uma simples viagem possa constituir-se num curso universitário. O que pretendo, primacialmente, é conhecer um pouco melhor a intimidade dos pastores e demais companheiros que se encontram encarnados, para saber, primeiro, se têm a convicção do que dizem; segundo, se gostam do que fazem, isto é, se agem segundo inarredável vocação; terceiro, se amam as pessoas de seus relacionamentos eclesiásticos; quarto, se se lembram de mim com algum sentimento específico, seja de asco, seja de condolência, seja de simpatia, seja de amor; ou se, indiferentes, deixaram no fundo da memória a minha patética figura.



- À vista da problemática profunda que você está levantando (confessamos que não esperávamos tanta lucidez), você acha que logrará o auxílio dos leitores por meio de preces pelo seu levantamento moral? Por outra, não está parecendo-lhe (o que para nós se constitui em suspeita muito séria) que casos como o seu são tão especiais que vão tornar os leitores apenas curiosos ou desinteressados, sem lhes provocarem reflexões que possam auxiliá-los em sua luta pelo desbloqueio do sistema moral?



- Penso que existe essa possibilidade, uma vez que não serão muitos os sedados medicamentosamente com a boa vontade de ceder parte de seu tempo de domínio sobre o corpo e a mente, para a leitura de obras de caráter tão específico dentro da literatura espírita. Acho que pessoas assim não lerão sequer os romances e os livros de contos mais apaixonantes. Falando por mim, ouvia, já largado no leito, as histórias contidas nos Evangelhos e ficava imaginando a figura de Jesus passeando, refletindo, pregando, visitando os doentes, curando-os. Nesse ponto, sempre me voltava para a parede, como para esconder a minha expressão de ânsia e não de esperança pela presença do Senhor para o milagre que me restabeleceria a saúde e me devolveria para o mundo externo.



- Vamos despertá-lo. Como já temos experiência, poderemos aguardar que se recorde do que nos disse?



- Qual vai ser o resultado, se a minha resposta for negativa?



- Nós traremos a discussão para o campo da crítica aos conceitos religiosos, para que você possa estabelecer, se for possível, um elo com o seu eu mais profundo, esse mesmo capaz de examinar o que se passa na área da mente à qual você não está tendo acesso quando em vigília. Não será uma boa tática?



- Como é que vocês vão realizar a proeza de me trazer a lembrança do que realizei sob hipnose?



- Não temos ainda a certeza de que lograremos fazê-lo. O sistema haverá de ser o de incutir-lhe inteira confiança na seriedade das intenções de ajudá-lo, pelo fato inconteste de que aprendemos a estimá-lo e a considerá-lo elemento muito importante para o nosso grupo. Ainda mais agora que estamos a admirar a profundidade com que trata dos temas sob exame íntimo. Você está para nós como cada um de nós está para o grupo, ou seja, cada qual é responsável pela coesão dele, em função do processo de crescimento espiritual de todos. Poderíamos citar a cediça imagem do um por todos e todos por um. Bem, já está dita. Que se estabeleça através dela o forte vínculo que nos une, qualquer seja o resultado da peregrinação junto aos corações cuja pulsação você deseja tanto auscultar.



Terminou aí a fase clínica. Em seguida, oferecemos a Josualdo, já desperto, o roteiro que seguimos para a programação da assistência durante a viagem ao plano material. Não se lembrou de nada do que nos disse, mas apresentou-se muitíssimo mais afável, como se ressentido estivesse das palavras que lhe dissemos. Logrou, assim, fazer-nos estudar o tópico do intelecto coagido ao claustro pelas fortes vibrações emotivas. Saiu a pesquisar os sentimentos das pessoas que julgava envolvidas com o fracasso da derradeira vida na terra. Voltou sem haver acrescentado muita coisa ao que desconfiava. Tais conclusões não vêm ao caso para estas anotações. Fique o alerta de que tudo que se faz repercute sempre ao derredor, como se os fluidos se expandissem e envolvessem as criaturas, para o amor ou para o ódio, com a verdade de que a recíproca existe, dada a lei de ação e reação. Precatem-se também os amigos leitores quanto ao fato de que as idéias se concretizam sempre, as emoções se sedimentam e o arcabouço da personalidade se cristaliza, quando a intenção, a vontade, o desígnio não é o melhor, segundo o prisma dos ensinamentos de Jesus ou, até, dos mandamentos mosaicos, para não ferir as susceptibilidades dos que ainda se mantêm firmes nas fés luterana e calvinista.



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