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Contos-->A janela -- 19/12/2001 - 12:01 (Luís Augusto Marcelino) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Meninas bonitas há aos montes. Umas magricelas. Outras recheadas. Juvenis, enigmáticas. As meninas de quinze anos de hoje não são como as de outrora. Outrora é um caso sério, acho que ninguém mais fala assim. Desculpe, mas foi o que me veio à cabeça.

Eu passava pela rua todo final de tarde. Sempre reparei em seus cabelos negros compridos, no rosto maquiado, no olhar sensual me perseguindo. Estou muito velho pra essas coisas - era isso que me confortava. Faltavam dois anos para eu me aposentar. A perspectiva de receber aquela merreca da aposentadoria sustentava meu ânimo para ir trabalhar. Garçon. Dois anos e meio trabalhando como garçon de um restaurante razoavelmente sofisticado da região da Paulista. Fui gerente de banco por muitos anos. Globalizaram tudo e eu não falava Inglês. Nem era flexível o suficiente para aceitar as mudanças, o avanço da tecnologia. Era um brucutu - na visão dos novos chefes. Garçon. Madames encrencando com a folha de hortelã que faltava em seus grelhados. Com o vinho que nunca estava a contento. Com os filhos dos senadores que traziam suas namoradas da periferia e que sempre armavam uma algazarra. Eu era do turno intermediário, ainda bem. Ouvia histórias dos amigos da noite que remoíam meu fígado. Aristeu, meu primo que arrumara aquele emprego, contou-me que o gerente da noite o fez buscar uma “parada” na Augusta, para satisfazer um freguês. Outra vez teve que acobertar uma transa no banheiro masculino. “Ninguém entra!” Era um empresário do ramo têxtil com sua amante. Uma menina linda, bem maquiada, roupas finas, mas que não tinha mais que quinze anos. Ele a envolveu ali mesmo, babando, fazendo-a tocar todo seu corpo, lambuzando-se mutuamente com uns artigos que ele levou até o toalete. Levou cinqüenta paus, o Aristeu. O turno da noite é mais barra-pesada, desta eu me safei.

Saía do restaurante por volta das cinco horas. Teresa, a patroa, chegava bem mais tarde. Dez, dez e meia. Quase todos os dias eu ia direto pra casa. Pegava o ônibus na Paulista e descia na Itaberaba. Caminhava uns dez minutos até despontar na esquina da Alvarez com a Ximenes. Acho que o bairro onde cresci foi fundado por espanhóis. Justo nesta esquina havia um bar. Nada parecido com o Sgrim´s - onde eu trabalhava. Mesa de bilhar. Um balcão que vivia ensopado. Paçoca, baleiro, salgadinhos isoporados dividiam o espaço com doses de cachaça e copos americanos recheados com cerveja. Às vezes só acenava. Outras vezes parava.
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