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Infantil-->Feitiço -- 13/01/2006 - 01:30 (Rogério Penna) |
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Havia um reino encantado
E nele, uma feiticeira.
Mas de tão má e tão feia
Quem a via, assustado,
Fugia além da fronteira.
E quando se aproximava
Rei, caçador ou noviço
Dedicava-lhe um feitiço
E a vítima adoentada
Jamais reavia o viço.
Assim no reino ninguém
Vagava no bosque antigo
Por tão medonho o perigo
De ser ferido por quem
Tem no mundo um inimigo.
Mas no fundo da clareira
Numa cabana de palha
A feiticeira chorava...
Toda beleza era alheia
E a ela, nada restava.
Vivia a infelicidade,
Velava noite e dia
A mão que a todos feria
Não fazia por maldade.
Na verdade se escondia...
Ela culpava o seu rosto
Disforme, a pele rugosa
Pela vida não ditosa
Que só lhe tinha desgosto
Que só lhe negava a rosa.
Um dia, já tão cansada
A feiticeira partiu
Venceu floresta e rio
Procurando pela fada
E os conselhos que pediu.
A fada lhe concedeu
Atender ao seu pedido
Retiraria o castigo
Da bruxa que já nasceu
Sem encanto no sorriso.
Volte à sua palhoça
E durma sem se importar
Pois quando houver de acordar
Terás nos olhos de moça
A beleza do luar
A feiticeira feliz
Voltou-se entusiasmada
E tão logo pôs-se em casa
Deitou-se como quem diz:
Durma! E não pense em nada...
Mas eis que toda a agonia
E o anseio de ser bela
A fazia mais desperta.
Não vencia a adrenalina
E a culpada era só ela...
Vagou pela choça escura
Deitou-se desesperada
Tentou de tudo, mas nada...
A feiticeira sem cura
Permanecia acordada.
Dês de esse dia ela passa
Noites em claro, sem sono
Vivendo no abandono
Sem que a fada lhe refaça
O rosto, por não ter como.
Ferida, fere quem vem
A ela, um sem fim de pragas
Encrua as moças casadas
Transpassa as que não tem
De falso amor. Mas e a fada?
A fada apenas lamenta
A bruxa que encanta a esmo.
A beleza não se senta
À mesa de quem não tenta...
E não ajuda a si mesmo.
rp.jun.2005 |
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