Foi Deus*
Obrigado, amiga Teresa, pelas palavras amáveis. A pandemia tem seus aspectos: só assim, recebi sua alentadora carta.
Lembro-me, sim, com enternecimento, da canção "Foi Deus", que você tocava magistralmente no piano e eu, como seu aluno disciplinado, tentava acompanhar. Não tenho certeza de que a tanscrevo corretamente; vale, porém, a inteção de relembrar versos tão lindos, abrilhantados pela voz maravilhosa de Francisco José:
Foi Deus
(Composição de Alberto Fialho Janes)
"Não sei, não sabe ninguém
Por que canto o fado
Neste tom magoado
De dor e de pranto...
E, neste tormento,
Todo o sofrimento,
Que sinto na alma,
Cá dentro se acalma,
Nos versos que canto.
Foi Deus que deu luz aos olhos,
Perfume à rosa,
Deu ouro ao Sol
E prata ao luar.
Foi Deus que me pôs no peito
Um rosário de penas
Que vou desfiando
E choro a cantar.
Pôs as estrelas no céu,
Fez o espaço sem fim,
Deu o luto às andorinhas.
Ai, deu-me esta voz a mim!
Se canto, não sei o que canto:
Misto de ventura, saudade,
Ternura ou talvez amor.
Só sei que, cantando,
Sinto o mesmo quando,
Se tem um desgosto
E o pranto no rosto
Nos deixa melhor.
Foi Deus que deu voz ao vento,
Luz ao firmamento
E pôs o azul nas ondas do mar.
Foi Deus que me pôs no peito
Um rosário de penas
Que vou desfiando
E choro a cantar.
Fez poeta o rouxinol,
Pôs no campo o alecrim,
Deus as flores à primavera...
Ai! deu-me esta voz a mim!"
Nisso, já passaram mais de 60 anos.
Qualquer hora dessas haveremos de nos rever e matar as saudades.
Como o compositor e o cantor, acreditamos firmemente: "Foi Deus!"
Até outro dia!
Com carinho,
Bené
* Brasília, DF, 15/05/2021.
|