...e quando penso que estás cansado, satisfeito,
vejo-te refeito, me querendo mais,
a me observar os contornos,
saboreando o dorso,
da nuca até o fim,
querendo estar dentro de mim.
Assim, gigante, crescente,
em fome e sede,
envolto em minha rede,
buscando espaço,
não o de sempre,
mas o pecado,
o inesperado
desesperado encontro secreto.
Usando meus cabelos como rédea,
me domina, me inclina, insemina,
no limiar da dor e do gozo
da contração e da explosão
Busco teus olhos felinos,
mas não os consigo ver.
Não me deixas virar e te olhar.
Queres que me curve e contorça.
Queres que te prenda em minhas entranhas.
Queres impor teu domínio,
penetrar meus medos
e me fazer desfalecer largada,
toda suada, sem forças, inerte,
enquanto teu cetro verte
todo o poder de submeter
e reinar sobre tua mulher.
Lílian Maial |