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Discursos-->URNAS VAZIAS (3º CAPÍTULO) O SONHO -- 18/11/2005 - 17:13 (GERALDO EUSTÁQUIO RIBEIRO) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O SONHO

Tínhamos dois partidos que disputavam as eleições e os crimes políticos eram comuns e naturais. Os partidos eram poucos e pobre não tinha vez.
Hoje temos muitos partidos e o pobre continua sem vez, ou melhor, agora ele pode participar, isto é, se filiar para ser explorado como cabo eleitoral de pessoas que nunca pensaram e nem vão pensar no seu bem estar.
Não existe um partido preocupado com o destino dos que nada possuem, nos estatutos todos são iguais, na maneira de agir também, é o forte engolindo o fraco que ainda não se deu conta da força do voto.
Os da esquerda só queriam ganhar o poder.
Agora são da direita.
Os da direita não queriam perder o poder.
Agora são oposição.
E esta luta vai continuar.
Os do centro só querem ficar bem com os dois lados desde que tenham participação no governo.
E isto não vai mudar.
Temos partidos que foram criados apenas para vender seus filiados como cabos eleitorais a quem paga mais ou promete melhores cargos para os dirigentes dos mesmos.
Abril de 2002, a pré-candidata do PFL à presidência foi envolvida em um escândalo de desvio de verba da SUDAN e viu sua candidatura ser colocada na geladeira, agora o partido negocia com todo mundo para ver quem dá mais a troco do apoio.
Foi encontrado na gaveta de uma empresa da família a bagatela de C$ 1.300.000,00 que não souberam explicar como foi parar ali
Mágica?
O que mais entristece é que a maioria fala deste dinheiro como se fosse o troco do leite que a gente joga na gaveta, como se fosse as moedinhas que ninguém quer receber.
O mais absurdo ainda é que depois disto, logo na primeira eleição ela foi eleita deputada, o pai senador e hoje é líder do congresso nacional.
O PMDB, maior partido do país não tem candidato próprio e também está negociando com quem pode oferecer mais vantagens, para que um maior número de cargos seja conseguido e as maracutaias possam se multiplicar.
Nada mudou.
Alguma coisa mudou, em outra página escrevi que existem os pequenos partidos só para vender legenda, chegou a globalização na política, agora os grandes também estão vendendo seus políticos, seus redutos e seus cabos eleitorais a quem pagar mais.
Partidos de aluguel.
Políticos de aluguel.
Cabos eleitorais de aluguel.
Coronéis sem chicote.
Povo alugado.
Os nossos políticos estão mais para camelôs de esquinas oferecendo apoio em liquidação, esta comparação é apenas pejorativa, pois, a maioria dos nossos camelôs ralam para caramba para garantir o sustendo da família.
Em 1977 entrou uma verba na paróquia onde eu atuava, era um dinheiro para ser usado na distribuição de alimento com os pobres e fui chamado para coordenar este trabalho, distribuímos duzentas cestas por mês atingindo um total de mil famílias durante um ano.
O dinheiro acabou.
A distribuição teve que parar.
Muitas famílias deixaram de ser assistidas.
Foi aí que veio a vontade de ser político, pensei que me elegendo vereador poderia continuar ajudando aquelas pessoas de uma maneira mais ampla.
Não só com alimento, porque o nosso povo não precisa só de pão.
É preciso dar a ele um lugar para descansar construindo mais áreas de laser para os jovens Quase todas as cidades tem um parque de exposições que passa a maior parte do ano fechado, poderia ser aproveitado para esta finalidade, bastaria simplesmente colocar os funcionários sem função que existem na prefeitura para fiscalizar e zelar pelo local.
Funcionários sem função.
Que frase mais triste!
Absurda.
E eles existem.
Aos milhares.
E os com função acham que o salário é muito baixo e trabalham ou fingem trabalhar de acordo com ele.
Muitos acham que estão agindo corretamente,
Hoje, dia 19 de novembro de 2003, conversando com um trabalhador que estava se dirigindo para casa tive uma amostra clara de como a escravidão no Brasil não acabou, ele me disse que entrava para o trabalho às 6,30 da manhã, levava marmita, parava às l8,00 e ganhava a miséria de R$ 8,00 por dia
E o funcionário público, que tem uma carga horária de trabalho de 7 horas, e que dentro deste horário o máximo que trabalha é 4 horas, e ainda reclama?
É claro que existem muitos comprometidos, não com a instituição, mas com o seu caráter e são funcionários exemplares.
Fui candidato.
Derrotado.
Candidato derrotado.
Disputei três eleições e em todas a utopia me fez acreditar que trabalho para a comunidade e popularidade elegem alguém.
Grande engano!
Em todas elas os mesmos pedidos.
Pessoas que eu visitava sempre, quando pedi o voto me pediram um saco de cimento, uma telha, uma cesta básica.
Um evangélico me pediu um microfone para sua igreja e um senhor me disse que só votaria em quem lhe desse um chapéu de lebre.
Teve uma família que eu sempre visitava e desde a primeira visita notei um vidro quebrado na janela, como eles não pediram (tinham condições de comprá-lo) ele continuou lá por muitos anos, quando fui pedir o voto para vereador a primeira coisa que me pediram foi aquele bendito vidro quebrado da janela.
A experiência mais dura e dolorosa foi de uma família que eu visitava constantemente, nesta época uma vizinha da minha casa fazia uns rocamboles de frango para vender e o que sobrava ela me dava para que eu distribuísse com os mais carentes, todos os dias eu pegava o meu carro e ia a uma localidade diferente levando asas, pés, pescoço e a carcaça dos frangos para que estas pessoas pudessem incluir na sua alimentação, durante mais de três anos fiz isto religiosamente todos os dias.
Em uma visita como político fui a um deste barracos pedir o voto para vereador, um moça de mais de dezoito anos me pediu um maço de cigarro e eu disse que não daria porque não fumava, a resposta que ouvi foi: O senhor dá é osso, o candidato (não vou citar o nome) dá é carne. E era verdade, três meses antes das eleições este candidato até hoje mantém várias famílias com cestas básicas, compra cigarros, paga contas de água e de luz e volta de quatro em quatro anos.
Em uma reunião sem churrasco, onde consegui a presença de umas 20 pessoas, uma mulher me perguntou se eu ganhasse o que faria com as creches.
Respondi para ela que vereador não se envolve com creches, mas que toda pessoa que colocasse o filho em uma delas e não trabalhasse fora deveria ir pelo menos uma vez por semana prestar serviço voluntário. Ela foi categórica: Eu não voto no senhor, os meus meninos ficam na creche e eu acho muito bom ficar sem fazer nada.
Será que hoje ainda existe gente assim?
Ninguém se elege sem ser político, sem saber as artimanhas de convencer o eleitor, sem mentiras, sem se vender ou comprar alguém.
O dinheiro, infelizmente, é a única coisa capaz de colocar voto dentro da urna.
Isto precisa mudar.
Na eleição de 1996 me deram duzentas (200) cestas básicas para distribuir a troco de voto, elas eram tão ruins que eu tinha vergonha de distribuí-las com os pobres.
Não as usei.
Elas foram doadas depois das eleições para prefeitura encaminhar para um bairro que foi inundado por uma enchente logo no começo do ano seguinte.
Um outro candidato do meu partido distribuiu mais de 5.000 destas cestas de alimentos de terceira categoria para pessoas ingênuas que votam a troco de qualquer coisa e que gostam de um agrado como um cãozinho de estimação
E o sacana foi eleito é vereador até hoje.
Será que a justiça eleitoral não sabe que isto acontece?
Ou se fingem de cegos?
Ninguém vê?
É preciso denunciar?
O sonho do povo não pode ser concretizado apenas durante as eleições, e estes sonhos são tão pequenos ou tão humildes que com um mínimo de boa vontade seria resolvido.
O que todos precisam aprender é que o sonho tem que ser coletivo
Isto vai acontecer.

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