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Cartas-->Meu testamento* -- 24/10/2018 - 16:07 (Benedito Pereira da Costa) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Meu testamento*


MEU TESTAMENTO

(Ivone Carvalho)

Deixo, para ti, todos os meus bens mais valiosos. É tudo que consegui amealhar durante toda a minha vida. Alguns deles são heranças recebidas de quem me trouxe a este mundo. Outros tantos correspondem a aquisições que fiz ao longo do tempo. O restante me acompanha há tanto tempo que, talvez, as unidades usadas por nós não sejam capazes de avaliar suas verdadeiras idades. Devem fazer parte do meu patrimônio há muitas vidas!

Há, no acervo, bens que jamais poderão ser avaliados, nem mesmo pelos maiores e melhores avaliadores da Terra. É exatamente a esses, que te peço cuidados especiais, para que jamais percam o seu real valor. Esses, com toda certeza, vêm de outras vidas, mas foram se multiplicando e se aprimorando com o passar dos dias e, até o momento em que tomarás conhecimento deste instrumento e a devida posse de tudo que ora te deixo, terá valorizado ainda muito mais, pois a tendência é sua purificação cada vez maior, sua multiplicação sem fim e um brilho muito mais intenso e, em consequência, a valorização.

Peço-te que ao assumir a posse desse patrimônio de valor incalculável e inestimável tu consigas lhe dar o tratamento merecido, para que ele te enriqueça cada vez mais.

Não imponho condições para que assumas todo o legado. Peço, apenas!

Que recebas todos os bens com o maior carinho que puderes, que não os desdenhe, que não se desvincule deles, que jamais transija em relação a eles e que não os aliene.

Imploro que, embora sejam todos teus, divida-os com quem realmente merecer, porque isso fará com que rendam muitos frutos, ampliando o seu valor, acrescendo mais o patrimônio.

Testo publicamente, sem a necessidade de testemunhas, ou designação de testamenteiro, porque este legado é teu e independe de qualquer inventário ou arrolamento.

Farás pública a tua herança porque és exatamente a pessoa que faz jus a recebê-la, vez que demonstraste, ao longo de tanto tempo e, quiçá, de outras vidas, ser o seu merecedor por já possuíres bens idênticos e que jamais guardastes egoisticamente em teu poder.

Deixo, enfim, para ti, de livre e espontânea vontade, bens livres e desembaraçados, isentos de impostos, taxas, emolumentos. Bens que dispensam qualquer despesa ou pagamento de custas. Bens que, tenho certeza, não se constituirão em fardo para ti, pelo contrário, deverão somar-se aos teus, tornando ainda mais leves as tuas dores, amarguras, mágoas, tristezas.

Não seria necessário enumerar, aqui, todo o patrimônio ora testado. Porém, para que não reste qualquer dúvida a ti ou a qualquer outro interessado que poderia, eventualmente, não dar a tudo que amealhei ao longo da minha vida, o tratamento que sei, só tu darias, relaciono, neste ato, todo o rol, ressalvando, desde já, que a omissão de qualquer outro bem semelhante a estes, que por lapso de memória poderá ser olvidado por mim, também pertencerá a ti, com as mesmas isenções e regalias dos relacionados.

Finalmente, ressalto que o presente testamento é ora firmado por mim porque todos estes bens sempre te pertenceram exatamente porque sempre fizeste parte da minha vida.

No momento que tomares posse de toda minha fortuna serás uma pessoa ainda mais rica e terás sinal verde para dispô-la de forma a contribuir com o aumento da tua felicidade.

Talvez temas não teres onde acomodar esta herança, pois bem sei que teu coração, tua alma e teu ser por inteiro já abrigam patrimônio idêntico. Porém, creias que a soma deles te permitirá seguir dividindo e doando e o quociente será sempre um valor muito maior do que o dividendo original. E tu tens, dentro de ti, embora talvez não percebas, espaço incomensurável, para armazenar muito mais.

São bens que têm a característica maior de se multiplicarem, se bem doados e distribuídos.

Deixo, portanto, para ti: a minha sinceridade, a minha lealdade, a minha esperança, a minha compreensão, a minha retidão, a minha humildade, a minha fé, a minha força, a minha energia, as minhas certezas, a minha paz, a minha saudade e o meu amor.

Assume o que é teu e cuida bem da nossa maior riqueza!


* Ivone Carvalho, neste site, Cartas, 28/05/2008, e "Quinta antologia dos anjos de prata", São Paulo (SP): Linear, EPP, 2004, pp. 73/75.
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