Cada qual em seu galho, como os macacos,
que não olham senão os rabos alheios.
As brancas cabras pastavam no verde campo,
sob o azul do céu,
e a mancha vermelha do sol
fazia a terra pingar água para cima,
quando a morena desnudou seus róseos seios
e dançou para mim a melodia do amor,
contorcendo-se num ritmo de luxúria.
Depois veio a mim e eu perpetuei nela a existência humana.
Quando acordei, senti novamente a opressão de ser e um sentimento de fuga me envolveu, fazendo-me esquecer os sentidos.
Agora, fiquei do lado de fora,
onde não há o que conheço,
onde está o que procuro,
apesar de inutilmente,
pois, sem minha essência existencial de hoje,
tudo foge de mim
e vácuo,
só
vácuo,
tenho em mim.
Assim, quando a morena de novo me veio procurar,
percebeu o esfacelamento de minha vida animal
e chorou
porque ela me ama integralmente
e eu estou além de sua compreensão.
29-30.11.58.
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