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Cronicas-->Minha Vida Dentro de um Ónibus -- 19/08/2001 - 15:45 (Mastrô Figueyra de Athayde) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Cinco da matina. O despertador de sino toca. Com a cara inchada, levanto e vou ao banheiro para tomar a tradicionalíssima ducha de água fria. Mais disposto, escovo os dentes, visto a roupa, como uma torrada e saio como um louco pela porta de madeira da sala de casa. O ónibus já apontava pela esquina. A velha jardineira se aproximava e faço a sinalização. O seu Romeu, pára o veículo e a porta, já enferrujada pelo tempo dá uma travada. Só após um solavanco, é que ela se abre. Subo pelos degraus já desgastados, com as soldas soltas e rebites estourados. Dá uma impressão que há qualquer momento pode ir tudo para baixo. No impulso, onde o medo e a pressa fazem uma mistura de insegurança, cumprimento o motorista Romeu e o cobrador Vicente. Passo pela catraca, toda ensebada pelo tempo e me sento do lado direito, onde o sol não ofusca a minha visão. A minha viagem dura menos de 30 minutos, mas dá a impressão que a jornada é muito maior, isso que o pior ainda estaria por vir. A cada 100 metros, uma leva de gente entrava pela porta enferrujada. Menos da metade do trajeto, o ónibus já parecia uma lata de sardinha, isso sem dizer que uma mulher obesa ficou de pé ao meu lado, com o braço sobre a minha cabeça. Mesmo de manhãzinha, a fedentina já era forte. Com os vidros fechados pensei que iria desmaiar, sem falar que o movimento do ónibus fazia a gordinha se "esfregar" em mim. Diante desta terrível situação, me levantei gentilmente e cedi o banco para a gordinha, que de sorriso banguela, disse obrigado. Mais aliviado, fiquei de pé, no meio de uma legião da boa vontade, que em sua maioria era formado por estudantes. Atrás de mim, duas garotas, com idade que não passava dos 16, começaram a dar aquelas risadinhas sarcásticas. Percebi que o alvo era a minha pessoa, mesmo assim, continuei na minha. Mesmo tranquilo, senti que alguém havia me beliscado. A partir deste ato, não fiquei mais tranquilo e como se fosse um ataque kamicase, as garotas começaram a me atacar, com beliscões, passadas de mãos e esfregas. Muito sem graça, não sabia onde enfiar a cara. Estava eu sendo assediado dentro de um ónibus e tive que suportar a pressão até que elas descessem, no ponto da escola. Mais aliviado, pensei que a viagem já estava para terminar. Me enganei. Ao passar por uma tecelagem, o pneu do ónibus estourou, virando literalmente um "oito". Já atrasado e totalmente revoltado, larguei mão de pegar outro ónibus e resolvi ir para o serviço a pé mesmo. Andei por cerca de dois quilómetros. Um pouco mais aliviado, já que toda a tensão que recebi nesta "louca" manhã havia sido totalmente sanado.
Após trabalhar durante todo o dia, pensei comigo - terei que encarar tudo de novo? Mas para a minha felicidade, até que achei bom, já que estava louco para dar o troco naquelas estudantes. Ónibus não é um meio de transporte, mas é na realidade uma aventura, cheio de obstáculos, de preferência com um final feliz. Onde será que anda aquela gordinha?

Mastró Figueira de Athayde é cronista e restaurador de jardineiras
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