Em uma crônica ficção
Cientodosfuegos, o Carlito
Construí na imaginação
E até achei muito bonito
Por isso faço a inserção
De um herói em seu conflito
Nasceu no lombo do vento
Numa manhã de primavera
Hoje vive num vago relento
Contando velhas quimeras
Neste tosco acampamento
Na eterna vida de espera
Carlito lutou na Sierra
Ao lado de Che e Fidel
Fez a paz e fez a guerra
Num galope de corcel
Por isso sua vida encerra
Uma utopia de menestrel
Sob o manto do céu azul
Numa noite de estrelas
Com Camilo e com Raul
Querendo eternamente vê-las
Foram às bandas do sul
Atrás da alma centelha
Carlito Cientodosfuegos
Batizado por Guevara
Assombra o desassossego
Dos sonhos que sonhara
Por isso não traz apegos
Que nem o sorriso apara
Carlito sonhou com Camilo
A vida melhor para o mundo
Lutou com bravura e estilo
Fez das horas um segundo
Foi de Guevara um pupilo
E um guerreiro viramundo
A vontade de luz e vida
Quando viu a América livre
Carlito não teve saída
Mendigando ainda vive
Talvez a alma esquecida
Numa bela ilha do Caribe
Carlito virou mendigo
Pelas ruas da cidade
Possui um olhar antigo
Com a Cuba da saudade
Procura um ombro amigo
Para viver de verdade
Carlito bateu à porta
Pedindo socorro pra fome
Quem ajuda quem importa?
Quem na vida se consome
Aquilo que me conforta
Tem em Carlito sobrenome
Na longa vida judiada
Cada qual tem sua hora
Um homem de voz calada
Que por sua sina chora
Cabisbaixo na calçada
Foi-se Carlito mundo afora
Nunca mais vi Carlito
Neste mundo medonho
O seu andar despacito
E o seu jeito tristonho
Com isso vejo no infinito...
A Cuba dos seus sonhos!