A Espanha, dessa vez, foi o alvo de mais um covarde ataque terrorista. E a humanidade assiste, perplexa e consternada, as imagens do terror e desespero sobre os trilhos de Madri.
Diante das cenas de uma crueldade que ceifou a vida de centenas de pessoas, hoje somos todos espanhóis e madrilenhos em sentimento.
Não há necessidade de exprimir em palavras. Elas são insuficientes. O triste cenário basta para dimensionar o tamanho dessa insensatez e da estupidez dos grupos extremistas. Hoje, deveríamos escrever sobre o terror e atentados que sufocam nossos corações.
Entretanto, prefiro escrever sobre a paz, solidariedade e de multidões que, persistentemente, ainda acreditam em um mundo sem guerras. Em Madri, Barcelona, Santiago de Compostella e em várias cidades, da Espanha e do velho continente, houve manifestações populares pedindo paz e o fim das guerras. Essa espontaneidade também nos comove, pois a dor dá lugar a atitudes solidárias e humanitárias.
Por esses dias visitei um amigo descendente de bascos. E ele acalenta o sonho de um dia poder visitar sua pátria. A Pátria Basca. Esse amigo repudia qualquer ato de violência, pelo contrário, é um genuíno pacifista.
Entre um e outro chimarrão, mostrou-me a sua boina basca, uma das poucas lembranças de seu avô. Fez algumas observações sobre o ETA dizendo que o grupo surgiu em 1959 com o objetivo de criar um País Basco independente. A sigla significa Euzkadi Ta Askatasuna (Pátria Basca e Liberdade). E concluiu emotivo. - Não foi o ETA!
Calei-me diante de sua afirmação. Esses momentos, em que a humanidade sente dor, são reflexivos e não temos condições emocionais de racionalizar a tragédia. Embora distante, resta-nos um silêncio respeitoso às famílias enlutadas e uma evocativa oração em homenagem a memória das vítimas.
À noite, ao assistir o noticiário da TV Espanhola, mais uma vez vimos que as pessoas são solidárias e pacifistas. O noticiário espanhol mostrou grandiosas manifestações pela Europa e encerrou homenageando as vítimas do atentado.
A melodia triste de um violino foi o fundo musical para todos os nomes das pessoas que fizeram Madri chorar: Juan, Pablo, Maria, Paco, Angel, Vitoria, José e muitos outros.
Quando o violino encerrou seu lamento houve um minuto de contemplação, enquanto na tela preta surgiram alvas palavras: 38 sin identificación.