Para o interior você vai mudar de qualquer jeito,
Querendo ou não, mais dia menos dia você terá ido
Por isso, caro Tim, o que digo tem pouco efeito
Mas, a mudança deve ser feita é antes de falecido
E não o que falo ao amigo, mas, sim, o que escrevo
Não se destina aos seus bons e límpidos miradores
Mas, ao que está por trás dos seus olhos em relevo
De seus ouvidos e de todos seus orifícios sensores
Portanto, caro amigo, saiba que sua idade adulta
A primeira, vai dos doze aos quarenta, e vive de copiar
O que seus pais lhe passaram é o que mais avulta
Ser casado, empregado, ter filhos e impostos pra pagar
E tais papéis copiados são somente para esconder
A dependência de menino e a confusão de adolescente
O que mais pode acontecer é tal idade se estender
E você, permanecer no raso da vida e morrer reticente
Muitas vezes, ela nem se estende, por você não saber imitar
Essa forma de infância prolongada, disfarçada de cidadão
Que evita encontrar-se com o que por trás dos buracos está
Escoimado em papéis que, se dão zebra, mina renovação
Logo que você dessa idade passou e está com tudo em cima
É que vem o turbilhão das frustrações, a famosa meia-idade
Você entra em parafuso e aqueles papéis você já nem mima
É um privilégio estar consciente dela e da sua oportunidade
E olha que sair do casulo não é para qualquer desassistido
É por isso que existe tanto padre, pastor, psicólogo e o doutor
Além dos livros, e uns aprendizes de feiticeiro muito sabido
Sempre tomando o que você bem guardou, seja lá o quanto for
Enquanto você estiver interessado
Antes da mudança para os sete palmos
Em topar com Si-mesmo, desviado
Vai precisar de momentos muito calmos
(Semana que vem eu continuo
Pois a matéria é vastíssima
Vou ver se ainda algo eu intuo
Para o gente boa, finíssima)
|