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Cartas-->Para Lula, meus presentes -- 18/02/2016 - 00:29 (Tânia Cristina Barros de Aguiar) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Presidente,

Hoje, escrevo para lhe dizer que quero lhe dar uns presentes. Tenho uma economia, fruto de coisas que não posso relatar para não despertar piedade alheia. Mas pensei numa pequena lista de presentes

Antes, preciso registrar quem sou: É bastante razoável que o senhor não se lembre de mim. Minha esperança é uma cena em que lhe contrariei. Quando não aproveitei a sessão de flashes autorizados. Uma reunião com os bancários e lhe abordei num momento inapropriado, quando o senhor saiu para um cafezinho... num certo hotel em Brasília, em algum ano ... acho que 2001.

Apesar de incomodado, o senhor topou. É que eu tinha chamado meus filhos para virem e tirar aquela foto . Minha bebê, que hoje tem 33 anos, usava uma camisa do MST. Meu filho, hoje é pai e tem 39 anos.

No auge do mentirão, Presidente, minha mãe foi ao Planalto lhe dizer que tudo ia passar e vocês se abraçaram e tiraram uma outra fotografia maravilhosa, que guardo com amor. Hoje, com 91 anos, continua afirmando que o senhor é reencarnação de São João Batista e que veio para “limpar” tudo.

Mas, vamos à lista de presentes que gostaria de lhe oferecer:

- um tapa ouvidos que lhe poupe, ao mesmo tempo, de maus conselhos, porque sua intuição é boa, e da parvice dessa mídia vergonhosa.

- um celular, sim, sei que o senhor não usa, mas receber no whatsapp os vídeos de populares, que lhe amam,é impagável. Há os imperdíveis, de pessoas do povo lhe defendendo, que o senhor ia rir potássios. Acrescentaria internet livre no pacote.

- uns medalhões de cabrito da melhor qualidade, aqui da minha região. Não vou contar a origem porque não tem inspeção da SIF, mas diz a Nanda que é o melhor que ela já comeu, que chega na alma. E o senhor sabe, para uma pernambucana elogiar um cabrito, é porque eu cozinho muito bem. Apesar do medo de ser torturada para contar a origem dos cabritos, eu sou corajosa e vou persistir na proposta da degustação.

- também pensei nuns mimos pra Dona Marisa: umas velinhas vermelhas, em forma de rosas, estrelas. Uma vez fiz uma caixa enorme, cheia delas, mas não tive coragem de mandar. É que fiquei furiosa com aquela crítica infame dos canteiros de estrelas, quando ela se mudou pra Brasilia. Baita mulher, essa, hein? Já conversei com ela, numa cena em que o senhor reclamou da pão durice da minha empresa, num evento... perguntei – devo providenciar alguma coisa pro Presidente? E ela, com aquela simplicidade assertiva, me olhou e respondeu – não, minha filha, ele vai tomar café. E o senhor tomou, além de,  claro, oferecer-se para uma fotografia com o pobre garçom, trêmulo de emoção ao lhe ter tão perto.

Presidente, sou capaz de fazer uma lista de presentes, como umas cachaças boas, uns charutos que ainda tenho da minha viagem à Ilha, mas o que eu queria mesmo lhe oferecer é o meu sítio.

É um sítio pequeno, tem só dois hectares, mas conta com coisa que criança adora – uma casa da árvore. Minha neta ama, pensa que é de boneca, faz comidinhas imaginárias. Também tem churrasqueira e fogão de lenha com forno, já vi que o senhor curte colocar umas madeiras pra queimar. O senhor nos oferece cenas lúdicas naquele vídeo que está bombando, sobre o sítio. Que cenas lindas, fiquei comovida.

Prometo ao senhor que não vou divulgar o local, porque ia ser um tal de gente trazendo presente... talvez até um cabrito inteiro, mas a geladeira é pequena, só cabe um quarto de cabrito. Mas gela que é uma beleza. E tenho um expositor abandonado, que pode abrigar outros mimos, funciona perfeitamente.

Queria escrever esta carta de mão própria ... sabe como é... quase 60 anos, o hábito do teclar vai tirando a capacidade do manuscrito.

Ah, antes que me esqueça. Um último presente: meu coração, pulsando, forte, cheio de amor.

Tânia

PS – tem um monte de velinhas, prontas para serem queimadas. Tenho acendido muitas. O mundo está precisando de luz.





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