Que pátria é essa,
que apesar da pressa
caminha vagarosa pelas areias
desfilando suas lendas e cores
nos rios, nos mares,
nos povos que abriga.
Que pátria é essa,
que desde cedo vive
em guerra pelas riquezas de Deus.
Que pátria é essa,
que comeu seus índios
numa salada tropical,
e desde sempre fez-se
refem de uma gente
estrangeira, sem piedade,
sem fronteiras.
Que pátria é essa,
que se divide em prêces
e se mistura em rezas.
E desta rede cultural
tece a diversidade do seu povo.
Que pátria é essa
que frente a bola]
impõe sua ginga,
como se ainda fosse
feitor de negros.
Que pátria é essa,
que passa os dias nas filas
em busca do peixe de todo dia.
E seu filho que lhe herda,
à de curar as feridas abertas
numa floresta que só queria
fazer parte da festa.
Que pátria é essa,
de cobras e lagartos,
de vacas e patacas,
dos vivos e piratas,
de tudo que rouba deste povo.
Que pátria é essa,
que deixa-se puta
de bandido oficial,
que aluga pastos
para tiranos da bolsa, (do bolso)
deste novo feitor
da moderna escravidão.
Que pátria é essa,
que insiste em ser nação,
que não se rende ao tempo,
e quando todos diriam velha,
ela se faz criança esperança.
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