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Cartas-->CARTA ABERTA AO DEPUTADO FEDERAL JAIR BOLSONARO -- 18/01/2016 - 18:10 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

CARTA ABERTA AO DEPUTADO FEDERAL JAIR BOLSONARO

Luiz Augusto de Santana

 

Meu caro deputado Jair Bolsonaro:

Li sua entrevista na Caros Amigos de setembro deste ano, revista da qual sou leitor esporádico, porque gosto de variar. Concordo com você em tudo que disse, principalmente quando faz uma comparação entre a "ditadura" que dizem que vivenciamos entre março de 1964 e janeiro de 1985, e as velhas ditaduras continentais como a de Cuba. Aqui, com certeza, éramos livres, e ainda somos para entrar e sair a hora em que quisermos do nosso país, e essa liberdade ficou bem explícita na célebre frase do presidente Médici dirigida aos falsos patriotas: "Brasil, ame-o ou deixe-o".

Acho que deve ser por aí: quem não gosta do seu país, quem não veste o verde-amarelo de sua bandeira, quem não se perfila ao vê-la sendo içada, quem não consegue sentir arrepio ao ouvir o hino nacional, quem não sabe o que é ter um "sentimento nativista", essa cambada deveria deixá-lo, sim. Que vão viver em outro lugar qualquer, mesmo que lá fora nunca deixem de ser "invasores", discriminados, ilegais, clandestinos, mão de obra rasteira, sujeitos sem direitos e sem cidadania. Que se ferrem, literalmente; que percam suas raízes em troca do vil metal e das verdinhas. Que vão embora de vez, porque elementos dessa espécie não têm pátria, aliás, sequer têm país. Nasceram aqui por acaso, e ninguém vai segurá-los. Todos eles, sem exceção, fazem até um favor caindo fora e deixando o Brasil para os verdadeiros brasileiros.

Quanto à insegurança atual, com certeza, deputado, no tempo do governo militar éramos bem mais felizes, embora vivêssemos o tempo todo preocupados com ações terroristas, fato que nos deixava diuturnamente num eterno sobreaviso. Ficávamos muito mais aquartelados do que em nossas casas, mas para todos, tudo se resumia num único sentimento: "à pátria nada se pede: tudo se dá". Hoje, infelizmente, é diferente: "da pátria tudo se tira, nada se dá", sentimento que, lamentavelmente, está contagiando nossos jovens, especialmente, fazendo-nos, os verdadeiros patriotas, a ter saudades daquele tempo, particularmente pela liberdade que tínhamos de andar a qualquer hora pelas ruas, fosse no Rio de Janeiro, fosse em Salvador, fosse em Recife, lugares onde servi. Lembro-me das homéricas farras que fazíamos. Andávamos por qualquer canto e a qualquer hora, sem medo ou receio. Hoje até dentro do próprio lar, pode-se ser alcançado por uma bala “convenientemente perdida”. Por isso, entendo, a atual situação do país é preocupante.

Mas, também, não podia ser diferente, já que estamos literalmente entregues a sindicalistas, todos acostumados às bagunças em nome do fisiologismo e do poder, e pelo andar da carruagem, corremos risco de ficarmos sob o controle integral deles, porque estão aumentando o clientelismo e incentivando invasões de terras, prédios, e é o que vai acontecer porque, conhecendo o nível de esclarecimento do nosso povo, a grande maioria analfabeto, enquanto houver "bolsas" sustentadas pelos impostos que nos extorquem, eles não sairão nunca do poder.

“Botemos nossas barbas de molho”, então, porque o próximo presidente pode ser uma "companheira", não sendo a toa que agora, passados tantos anos, estão exumando a tortura política, propositadamente esquecendo o que eles também fizeram contra cidadãos pacíficos e simples. A história do tenente que você contou já era conhecida, e ele foi morto pelo traidor Carlos Lamarca na presença dos soldados que naquele momento comandava. Seus carrascos, os que hoje mandam neste país, mandaram-no escolher entre ser sacrificado ou sacrificar a tropa, porque todos caíram na emboscada por eles preparada. Ele, corajoso, preferiu ser imolado, a deixar que seus homens fossem trucidados pela malta ensandecida. Ainda podemos dar outros exemplos de ações terroristas e subversivas como o assassinato do sargento Xavier da aeronáutica, em Salvador.

Deste fui testemunha da história. Xavier, em serviço reservado, prendeu dois guerrilheiros, algemando-os com as mãos para a frente e os colocando na viatura. Cometeu um erro fatal, entretanto: deixou a mochila que um deles carregava entre suas pernas e sem revistá-la, e o resultado do vacilo foi sua própria vida ceifada de forma trágica. Um dos prisioneiros enfiou as mãos na mochila, pegou a arma que adredemente trazia e atirou nele à queima-roupa, voltando-a depois para o motorista, e que só não morreu porque se jogou no chão, saindo do seu ângulo de visão em desabalada carreira.

Por esse crime o guerrilheiro assassino foi julgado, condenado à morte, teve a pena comutada para 30 anos de reclusão, mas sequer a cumpriu porque fugiu da penitenciária onde cumpria pena, pela porta da frente. Homiziou-se na Nunciatura Católica em Brasília, exilou-se na França como preso político, retornou ao Brasil com a anistia do governo Geisel, estudou direito e se tornou juiz do trabalho em Recife-PE. Quanto ao sargento Xavier, ele hoje é pó, e sua família sobrevive com uma pensão de suboficial, acho.

Mas as injustiças contra os que foram imolados no cumprimento do dever não se limitaram às parcas pensões concedidas aos descendentes deles. Confirmaram-se, também, nos paradoxos das indenizações às famílias dos traidores da pátria, guerrilheiros e terroristas, a exemplo de Lamarca, “o capitão da guerrilha”, e que mesmo conseguindo superar o feito de Calabar, foi promovido post-mortem a general com direito a pensão vitalícia para seus descendentes, além de serem ainda agraciados com gorda indenização paga, obviamente, por todos nós.

Mas este País é assim mesmo, caro deputado, cheio de contradições, porque, embora nunca tenha aceitado qualquer forma de tortura, questão de princípios, vejo esse movimento hodierno de pedir revisão na Lei de Anistia só para punir “torturadores militares”, de um único lado, portanto, com fundo político. Na realidade, pretendem seus mentores envolver a nação num clima de "justiça atrasada", como ocorreu na Argentina, e que só transpareceu vingança retardada, e assim envolvidos, esquecemos o verdadeiro objetivo deles: a perpetuação no poder, projeto de vida do PT.

A tática é mudar o foco do principal problema que hoje nos cerca indistintamente, a insegurança geral, para que não consigamos enxergar as incompetências no trato de um problema que pode nos mergulhar numa convulsão social sem precedentes e sem limites. Por isso, acho, ninguém, exceto os assistidos com esmolas das bolsas-tudo, suporta mais ser refém de governos assistencialistas e equivocados. Precisamos agir, mas sem abandonar a principal vocação do nosso povo que é absolutamente pacifista, e por assim ser, só vejo uma única saída para mudarmos a regra desse hediondo jogo a nosso favor: a educação em todos os níveis e a politização generalizada em todos os rincões, por mais longínquos que sejam. Uma nova luta armada, deputado, nem pensar. Seria insanidade, porque as impropriedades para uma aventura desse quilate, estão nas mesmas dificuldades encontradas pelos próprios guerrilheiros naquela época: a dimensão continental do nosso país e a não vocação do nosso povo para a beligerância, porque embora não sejamos covardes, por tradição só pegamos em armas para defender a nação de invasões estrangeiras.

Lembremos isso, então, conclamando a todos, especialmente aos que têm vez e voz como o senhor, para que das tribunas que ocuparem busquem alertar a nação sobre o perigo que estamos correndo. Não vamos permitir poder eterno de ninguém, seja Lula, seja lá quem for. Trocamos a monarquia pelo regime republicano exatamente para impor o rodízio salutar e necessário no poder, e termos o direito de tirar dele quem não se demonstrar preparado e probo para exercê-lo. Vamos lutar, então, com as armas da civilização, para ver este país um lugar digno para seus filhos verdadeiros, aqueles que nunca pensaram em dar-lhe as costas.

Não gosto de americanos, mas muito me admira o patriotismo deles. Nesse ponto gostaria até que fôssemos como eles. Com certeza, teríamos uma Nação e uma Pátria, não só uma extensa área territorial que se chama Brasil. Façamos, então, verdadeira revolução na educação, voltando as aulas de educação moral e cívica para que nossas crianças aprendam a admirar e a respeitar nossos símbolos sagrados, especialmente o hino e a bandeira nacionais, como muitos nacionalistas estrangeiros morrem pela sua bandeira, mesmo que lutando em guerras injustas e sem outra motivação senão a ganância de governantes. A eles pouco importa o motivo da guerra. Basta-lhes entender que em jogo está o nome da nação que representam, para que morram e matem por ela.

Não vamos, portanto, repetir os erros do passado, porque embora cheios de boas intenções, não soubemos conduzir o país de forma a devolvê-lo seguro e vacinado à democracia. A revolução que precisamos hoje, deputado, deve ser a cultural e a do voto consciente. Já pecamos uma vez. Por que, então, repetir o erro?

Um abraço, e continue firme nas suas convicções. Sou seu fã, acredite, mas agora sua luta é no Parlamento Nacional. Aproveite para acabar com a farsa da Lei do Desarmamento, porque ela só desarmou cidadãos, colocando-os na mira de bandidos desalmados. Denuncie e acabe de igual forma outras tantas farsas que seus colegas, tendenciosos, aprovam, mas que sabemos, a troco de benesses, mensalões e mensalinhos.

Seja feliz!

(*) Luiz Augusto de Santana é advogado, especializado em Gestão Estratégica em Segurança Pública e membro da Academia Mineira de Direito Militar. E-mail: laugust@terra.com.br

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