Em tantas bocas já busquei a tua,
Que de cansada, a língua já não fala.
Não se mistura a voz que em ti flutua
Aos gritos roucos da palavra rara.
Se em outros olhos procurei a lua,
Perdi estrelas ao tentar contá-las.
E a noite escura, que domava a rua,
Chorava breu p’ra que a tornasse clara.
Eu bem sabia que a boca querida
Traria a rima, promessa de vida,
Iluminando enfim nossos espaços.
E de teus lábios suguei a energia,
A luz da lua, que teu olhar trazia,
E enchi de sol e de entrega esse abraço.
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