Dividir,
recolher semelhanças ao longo do tempo,
deixar-se ficar, sem pressa,
sobre as ondas, à deriva no vento.
Juntar os pés na cama,
escovas de dentes,
planos e roupas íntimas
no banheiro.
Partilhar o melhor pedaço,
acordar nos mesmos braços,
caminhar por sobre os passos
do outro.
Colar os corpos,
tocar as partes,
fazer da rotina uma arte,
e sentir novidade
no ar.
Preencher de risos o vazio,
entender o prazer,
provocar calafrio,
apenas ao ver
o rosto.
Respeitar o espaço,
riscar sem compasso
o caminho do depois
de um saboroso prato
de feijão com arroz. |