Estou aqui perplexa com as muitas perguntas que vêem encontrar meu coração inquieto e que durante tanto tempo me fez chorar. Tantas foram as borboletas azuis que sumiram voando, escondendo-se alegres e bailarinas por entre o azul do céu.
Observo as nuvens de algodão doces em suas formas abstratas que traz a magia dos sonhos em cavalos alados da imaginação, e me faz delirar nas palavras que brotam destas mãos de dedos longos, da pianista que nunca fui. Num piscar de olhos o cenário mudou, e uma tempestade elétrica se anuncia num trovão mitológico!
A correria eólica me emociona. Impossível prever o destino daquelas criaturas voláteis que se esvaem na correnteza invisível; torrentes umedecem meu rosto que se deslumbra deixando-se beijar pelas gotas geladas que escorrem curiosas à descobrir as formas de meu corpo...
Confesso-te Gentil, que naquele instante vislumbrei teu olhar calmo e pude sentir tuas mãos macias à guiar-me para local seguro, uma pousada calma no Elísio de minha alma. Finalmente deixaste que o horizonte se abrisse em raios avermelhados e pudesse colorir as flores que ainda teimavam por germinar.
Naquele instante minhas súplicas traduziram teus contornos incertos e tuas indignações em seu humor irreverente, mestre do sarcasmo inofensivo e construtivo. Paradoxal? Pode ser, adorável, mas é nesse materialismo dialético que Lefebvre se viu inspirado para discutir as muitas relações humanas e a imposição do homem e do objeto, suas antíteses... Mas o que faz comigo, Gentil Poesia?
Admiro-te por ser incisivo no inesperado, na lembrança vaga que brinca com meu olhar distraído e me faz sorrir como criança. Entre pensadores, poetas, e populares contadores de história, estás sempre presente à afagar meus pensamentos, mostrando-me o outro lado da melancolia pelo viés da introspecção. AH! Minha Gentil Poesia, bem sabes do amor que tenho por ti!