QUEM ME ESCUTA?
Ana Zélia.
Amanhece. Dia chuvoso. Frio. Negro...
Em segundo o mundo se transforma, perco a rota,
Me curvo ao mundo, jácute; não sou mais nada.
Insignificante, penso no que me foi dito, palavras frias, como se eu sempre tivesse culpa de tudo.
Males do mundo me sinto perdida, a velha comandante, a velha marinheira estácute; morrendo.
Chama assustada por sua Madrinha, a Bela Oxum, parece que encantada não a ouve.
Chama Dona Mariana, a Bela Turca que aqui chegou, pede ajuda força na caminhada.
O lenho estácute; pesado demais, não encontramos madeiras leves, ocas, o coração acelera, as lácute;grimas descem,
vem, aquela vontade de partir pra sempre, sem adeus, sem lamentos, sem, choro, sem lácute;grimas,
soltem fogos, quem sabe seja melhor pra tantos.
Virei entrave, atrapalho talvez escape meu soldo ou saldo, sei lácute;.
A Velha advogada, raposa curiosa, onça afoita, ficou velha, a onça velha nem esturra, só chora.
Alguém jácute; viu lácute;grimas de onça? Tentem, uma vez só, quem sabe ela grite, mas ninguém escuta.
A Onça Velha agoniza, dácute; seus últimos suspiros, tomba, talvez lhe reste o couro para enfeitar paredes
ou pisácute;-la eternamente nas entradas das casas.
Quem me escuta?
O vento passou distante, os amigos morreram todos, só a Mia ainda lhe pede cabecinha cheia de dengo,
pobre gatinha, nem percebe que breve não existirácute; nem lembranças.
Manaus, 23 de junho de 2015. Dia negro em minha vida. Ana Zélia
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
Nota da autora- Sempre escrevi nas horas negras da vida, estou perdida e não posso falar,
escrevo e quem souber ler minha alma entenderácute;. Estou morta. Ana Zélia
|