APELO Á ÉTICA

(Por Domingos Oliveira Medeiros)



As pesquisas não mentem. Estão nas páginas dos principais jornais brasileiros. E os fatos saltam aos olhos, no sentido de ratificar o resultado daquela consulta popular: 81 % dos brasileiros APROVAM A INSTALAÇÃO DA CPI para apurar o suposto envolvimento do Sr. Waldomiro Diniz, principal assessor do ministro José Dirceu, Secretário-Geral da Presidência da República.



NADA justifica, portanto, o imenso esforço do governo e de seus aliados para barrar as investigações. Dizer que já foi feito o que se devia, ou seja, entregar o caso à Polícia Federal, é subestimar a inteligência dos eleitores, principalmente, que acreditaram na promessa de NÃO TER MEDO DE SER FELIZ.



A Polícia Federal, em que pese sua experiência e responsabilidade profissional, é órgão vinculado ao Ministério da Justiça e, portanto, integrante do Poder Executivo, cujo titular é o Presidente da República. Não tem, portanto, até mesmo do ponto de vista jurídico, possibilidade legal de exigir que os convocados respondam á todas as perguntas que lhes forem expostas. O próprio Waldomiro não se deu ao trabalho de responder nenhuma das 50 indagações feitas pela PF.



Se fosse na CPI, ele teria recebido voz de prisão na hora. Estas são algumas das pequenas diferenças que estão escondendo da população, como um todo.



Fica a pergunta no ar: de que o governo tem medo? Afinal de contas, a CPI do BANESTADO, envolvendo assunto bem mais complexo, está funcionando, até agora, em clima pacífico e profícuo, sem atrapalhar, em nada, as decisões e passos do governo.



Nós, os que ajudaram a eleger este governo, como eu, pagando para ver as mudanças prometidas, e que integramos a maioria do grupo que representa 81% da população, como ficamos? Como podemos acreditar na honestidade de propósitos deste governo? No tão falado capital ético? No tão prometido milagre econômico? Na tão decantada justiça social?



Basta ver as últimas medidas. O risco, inerente ao sistema de livre-mercado e da concorrência, parece que não existe. É figura de retórica. O BNDES, órgão de fomento, criado para subsidiar a expansão e o crescimento econômico e social, agora está usando o dinheiro do povo, do orçamento da União, vale dizer, dos impostos arrecadados, para empresta-lo às grandes empresas de comunicação, (jornais, televisões, etc), que estão em dificuldades financeiras. Não se sabe por quais motivos. Valendo supor, portanto, que até por conta de má administração.



O que o governo ganharia com isso, ninguém sabe. Mas que é temeroso, lá isso é. Tanto que, outra parte da mídia, que não se encontra em tal situação, vem criticando a medida.



O governo perde tempo tentando justificar o injustificável. Tentando mudar o raio de ação. Agora estão procurando saber quem teria feito a gravação do Waldomiro, junto a infraero, em Brasília. Se, pelo menos, fosse com a intenção de dar-lhe um prêmio, por ter levado ao conhecimento público mais esse ESCÃNDALO, até que seria compreensível.



A nós eleitores, só restas uma saída. NAS PRÓXIMAS ELEIÇÕES, a exemplo do que o governo e seus aliados estão fazendo com a CPI, NÃO VAMOS INDICAR (VOTAR) em nenhum político que esteja, hoje, CONTRA as investigações que se fazem necessárias, em nome da coerência e da ética, e que o próprio PT tanto, e acertadamente, exigia no passado, de seu antecessor.



05 de março de 2004