Um pé de feijão
Dentro de mim há um pé de feijão que,
Para tuas mãos quer saltar e, se puder, te amar e,
se não, crescer com o teu sol e dar ao teu fruto o mesmo sabor de um só grão.
Estão este pé e este desejo, em folhas, brotará de novo...
Porque o segredo da vida é brotar, nascer e germinar da morte.
Um pé de feijão alucina a razão, porque é simples e,
a simplicidade é imparcial,
tanto quanto a justiça de Deus: comove aos olhos e o coração.
Às vezes, por teu amor, choro e rio...
Que vontade de descer a serra.
Que vontade de beijar a terra.
Que vontade de colher a flor...
Dentro de mim sobem os ramos, e é crescente à força do que o inspira:
O olhar da alma que vê, no instante que tu sentes.
Que vontade de mostrar-te quem sou, isento de mim, sem o controle de fingir,
sem a pressa de me acabar...mas,
não tenho argumentos para Ser à minha ilusão de viver,
tampouco, crer, nas coincidências do mundo...
Sei que nada sou e para onde vou há nada.
Nada é o princípio de tudo.
Nada é o fim de tudo.
E, um pé de feijão pode matar a fome, aplacar os desejos e confortar a alma;
Quando, como a simplicidade, germina dentro do homem!
Márcio Silva
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