Eu acho que você — você! — jamais será livre... Porque, se algum dia for livre, livre de verdade, poderá realizar as loucuras todas que sempre quis — e que supunha não poder. Mas como você, no fundo, não tem coragem de fazer loucuras, é melhor mesmo, portanto, não ser livre realmente. E debitar isso tudo à suposta falta de liberdade. Entrtetanto, se as circunstâncias da vida forem te arrastando para uma espécie de liberdade absoluta, você vai com certeza reagir — e se agarrar às mesmas coisas antigas. Vai se apegar tristemente àquele passado seguro, contido, cinzento. Vai inventar dependências, criar laços, contratos, ligações, relações, compromissos.
— Cada vez mais!
(Convenhamos: uma bela desculpa para continuar preso.)
Ou seja, você nunca será livre de verdade.
O que te salva é o medo.
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