Infância
Helena Kluiser
Contemplei através da janela os campos
Onde arvores vejo vicejar
Lembra da minha infância querida
Onde em campos semelhantes
Ia frutas buscar
Campos que hoje não existem mais
Pois ocupados foram
Para mais alguém morar
Balanços no meio do mato
Cabanas improvisadas, de fato
Bosques onde era fada, princesa,
professora, mãe e médica
Riachos onde íamos nos banhar
E no sol, com a roupa secar,
Para não apanhar
Comi muita fruta no pé
Pitanga, jamelão, goiaba,
Cajú, acerola, uva, maçã,
Amora, morango e mamão.
O que a mata pudesse dar.
Fiz boneco de barro
e colocava no sol para assar
Tenho pena das gerações advindas
Que ficam trancadas em apartamentos
Onde o leite vem em caixinha
Que não sabem mais brincar
Nunca empinaram uma pipa
Ou brincaram de corrida de tampinhas
Não sujaram os pés de lama
Nem foram cedo para cama
Para no outro dia brincar...
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