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Artigos-->CARTA À FELICIDADE -- 29/02/2004 - 00:53 (L. Stella Mello) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Querida amiga, estou saudosa.

Não tenho tido tempo para visitá-la ou recebê-la. O tempo está correndo tão rápido e só agora percebi que, preocupada com meus afazeres, com minhas coisas, que para mim sempre foram sagradas, e eu sempre aguardando ansiosa o momento de retomá-las,e, de repente, senti que não temos nos encontrado.

Olhei por acaso o espelho e nem me reconheci naquela mulher madura, séria, preocupada... Por instantes, outro rosto jovem cruzou com meu olhar e vi que o tempo se interpôs entre nós, e eu mudei a expressão.

Minha amiga, você deve estar decepcionada comigo por ter estado eu, esse tempo, esquecida de quão importante sempre foi o nosso encontro!

E você sabe que preciso desses momentos de relaxamento com sua presença, que sempre me fez bem!

Alguns anos atrás, mesmo eu assoberbada, nós estávamos mais próximas, eu achava um momento para recebê-la. E aquela sensação era um refrigério para minha alma. Eu sorria de satisfação lembrando nossas conversas, você sempre tão calma, tão risonha, e conseguia fazer com que eu sorrisse descontraída!...

Sempre fui sonhadora, e você incentivava essa minha quase mania.

Lembro-me, ainda, quando eu não tinha tempo de ir ao seu encontro, você vinha chegando, entrando despreocupadamente, ajudando-me nos meus apertos, desvencilhando-me dos pequenos problemas... E quanto eu gostava quando você me fazia sorrir com aquele jeitinho simples de quem sabe que, tudo na nossa vida é relativamente importante. Era assim que você falava! Sua presença era tão maravilhosa que eu sorria o dia todo e cantarolava.

Meus trabalhos nunca me cansaram, porque eu tinha sua amizade. Tivemos muitos momentos juntas... E tanto tempo já passou... As preocupações aumentaram, muitos problemas foram aparecendo e fomos nos distanciando. Mesmo assim, não a esqueci. Vez por outra sinto a sua presença discreta.

Por que será que somos tão preocupados? Por que razão queremos sempre a perfeição em tudo? Por que sentimos saudades de tempos passados? Essa mania de olhar para trás!...

Nessas minhas horas de tristezas e saudades, eu mentalizo você. E, de repente, para onde quer que eu olhe sinto a sua presença. Como agora, por exemplo. Sinto sua presença tão forte, tão doce, e, momentaneamente, sinto-me jovem com as mesmas satisfações de antes, tão vivas!... Você sempre foi a responsável por me fazer escrever. Parece mesmo, que era quem ditava páginas e páginas... Os versos... Os meus poemas tão surreais!...

Algumas pessoas diziam que eram muito fantasiosos... Irreais... E, muito triste fiquei. Quantas vezes eu me perguntei, como podia alguém ler aquelas palavras e não sentir nada?! Então eu os guardava, escondia.

Mas, o tempo é um grande professor. Hoje sei! As pessoas são diferentes. Não sentem igual. Não poderiam ter as mesmas visões que eu!

Que pena!

Lógico que sempre tive os pés no chão, bem firmes! Mas, isso não me impedia de sentir a vida desse jeito, romântica, linda, pura...

Se eu choro? Você pergunta. - Mas, é claro que choro! Também fico muito triste! Revolto-me algumas vezes, reclamo das coisas que, para mim são erradas.

Mas, passados os primeiros momentos, depois do desabafo, eu vou procurá-la. E essa procura geralmente demora. Não consigo saber onde encontrá-la. Por algum tempo fico triste, sinto-me tão só... Quase perdida. Busco pacificar-me e, aos poucos, vou caminhando até você... É quando chego até onde você está...

Ah! Não dá para descrever...

Tantas coisas boas, tantas coisas puras... Eu ouço as águas correndo, vejo as paisagens, as folhagens brilhando ao sol... O céu imenso sobre as nossas cabeças... Os passarinhos cantando nos ramos das àrvores! As músicas mais melodiosas convidando a admirar, a agradecer, e sinto o seu braço apoiando o meu...

Eu sinto Deus!...

Nós nos sentamos em um banco tosco daquele jardim, e você, tomando as minhas mãos nas suas, sorrindo, vai passando para o meu coração todos os eflúvios de paz, paciência para compreender que a tolerância ainda é a maior defesa para esses momentos que o mundo atravessa... E vai me fazendo lembrar de tantas coisas que são minhas, as minhas conquistas espirituais, a oportunidade dessas visitas, as paisagens, esses recantos maravilhosos onde recebo energias para continuar... Você mostra as trajetórias que fiz, minhas renúncias e minhas conquistas... Mostra-me que abri mão de uma profissão para criar crianças, meus filhos, que hoje são adultos e pessoas a quem muito admiro.

Eu semeei amor, carinho, cuidados... Foi um tempo de grande aprendizado.

Então meus lábios vão se entreabrindo e as cenas vão passando ante o meu olhar saudoso... E vejo que tive uma segunda oportunidade de viver a infância. Foi quando mais amadureci!

Muito já lamentei por coisas que sempre adiei fazer por falta de tempo, de espaço. Mas, quanta coisa precisei fazer!... Foi quando tive você mais por perto!

Eu conheci o amor, a alegria de ser mãe... E vivi essa grande ventura!

E, mesmo com todas as dificuldades, as atribulações naturais, as responsabilidades, as noites mal dormidas, as preocupações com doenças infantís, as inseguranças, quando eu me sentia mais só, longe de meus parentes, carente, cansada, você aparecia: - Vinha na presença do meu companheiro, no seu olhar compreensivo, nos gestos de carinho, nos sorrisos de nossos filhos, no aconchego da nossa tão pequena família, na simplicidade da vida de dois jovens que eram seguidos de perto por você!

Agora, mesmo que a primavera já tenha passado para nós, ainda olhamos para a frente, para o horizonte, acompanhando o amadurecimento daquelas crianças de ontem, em torno da alegria ruidosa de suas crianças de hoje!

É um retorno. Trabalhoso, preocupante, cansativo, dispendioso. Mas, é a vida!

Muitas vezes, nas atribulações da vida, sentimos que nada parece ter sentido.Para onde os tempos estão nos levando?

São muitas as formas de agressões que sentimos, isso, porque vivemos nesse mundo e estamos sujeitos a todas as formas de "intempéries", tais como a violência, os maus exemplos da mídia, a educação deturpadora de costumes, envilecendo os jovens, envelhecendo essas crianças de hoje, frustrando os sonhos, as boas edificações morais.

Mas, não podemos nos esquecer que temos nosso lugar de refúgio: a presença de Deus! Com Êle buscamos forças, paciência para compreender a vida e aceitar esses momentos, porque todos estamos caminhando, em desenvolvimento. E temos ainda, a satisfação enorme de poder ver nos rostinhos das crianças aquela mesma nossa inocência, as primeiras descobertas... e seus abraços, suas atenções, nossa troca de carinhos, é tudo simplesmente divino!

E é tudo tão simples!

É a história que se repete!

E você continua fiel em nossa vida, porque aprendemos que você, Felicidade, está mais perto do que supomos.

E é muito simples encontrá-la, abraçá-la e nos despedirmos com um

Até logo...

Stella



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