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Poesias-->Três Poemas Vingativos -- 24/01/2002 - 16:14 (Ricardo Martins Rizzo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
TRÊS POEMAS VINGATIVOS





CERCO A KANDAHAR







Fulge a tarde

no vermelho da infantaria

(algum touro

perdido

entre brocas

num galpão soca

os cascos late

gane, morre)



entre pedras os óculos empalidecem

novamente o vidro roça

seus consórcios

unta de uma borra espessa

o sêmen desses dias

é um vidro sem dor

a serviço do inferno



ouviste?

um comboio precipita tudo

ao menor som de gazes

atiradas

neste rio sem conseqüências



é um som tardio

(interdição)

mas humaniza-se a estrada prenhe

dentro de seus sais urbanos

que o deserto esquematiza.



Nasce um menino

destas linhas

sólido

como um príncipe respeitoso

nasce um brilho

entre escusas sentinelas

daquilo que escapa

à bílis

ao sol prematuro.



Fomentaste a colisão?

és infinitamente turvo

nesta sala em delicada desordem.

Desarma os teus pés

calçados deste ferro

um outro ferro

abate

há dias

os teus pulmões

ante-salas

da noite deflagrada.

E teus olhos caem.



Está nua a cidade

(cidade)

atrás do cerco

e com alguma

volúpia

feliz ou rasa

está contente

laços de roupa estriada

fontes

da baça mutilação

jorram dos fossos

(ventres)

como falas arteriais.

Um instante sem disciplina

recruta

invasores

um mecanismo de carne

que o tempo paralisara

cose

aventais



(como são brancos os teus olhos

potentes hortaliços

entre condimentos maiores)



O que previne

o teu estilete?

que quer

sob os dentes

raspar?

o repórter

está cego

a esposa

procura divertir-se

guarda

sob os tetos

o teu barítono estilete.



Come um pouco desta negra

terra intestinal que

pervaga entre assaltos



Ensina um pouco a este órfão

estas maneiras

e glosas que entre

folhas tristes

(no silêncio úmido da louça)

descobriste.



Que surda horda

na diurna furna

milita?

Quem golpeia em teu recesso?

e imprime

no selo dos ossos

o derretido ódio?



Um ferimento novo

escava sempre o teu orgulho.











NAVEGAÇÃO







"Haven smiles, and faiths and empires gleam,

Like wrecks of a dissolving dream."



Shelley









Tudo é navegação:

rastejar sem medo

nos ouriços

rolar-se no chão acolchoado



ou ainda



abater-se o sol das galerias

esfregar-se no rosto o tombadilho



(em mar espanhol

os dentes pegados

expiam

e da morta agitação

um governo escuro

aparece

como pranchas, ou batedouros

na noite injusta do mar rochoso

como vícios, ou

cáries

no vão abscesso do mar vencido).



Tudo imita a burra catraia

feito quilha nas dobras

de um rei idoso



farol sem luzes

imenso fruto sem abismo.











O REPÓRTER CEGO





"e estes olhos aflitos pelo simples"



Laís Corrêa de Araújo





Que dez mísseis miravam

teus gelatinosos olhos?

viu-se talhar o fim

viu-se o fim, mas teus olhos



viram nada, escuro

que era dentro deles

vago que era o som de reis

depostos, rainhas purificadas.



O corpo é mesmo isto

senão continuada fragilidade

teus dedos procuram

em vão nas cavidades vazias



o que vida, e claro

mentia. Mas mentia

lúcido pincel incêndio

perplexa lente



os olhos não há

rastreie o calor

das fábricas países

fortificando-se



cheire o íntimo

dessas cortesãs

tudo gira no negro redor

sons em negociação



patrimônio de vento

tua pele registra

e que interdição

anuncia?



E quando silencioso

o metal invade

com seus vestígios

a manhã direita?



Não saberás

o mundo neutro sonega

as fáticas sombras

reserva apenas o insulto



o duro insulto que nasce

dos olhos e cego golpeia.



















Ricardo Rizzo

rrizzo@terra.com.br



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