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Textos_Religiosos-->O ANO SACERDOTAL SEGUNDO PADRE MÁRIO -- 23/06/2009 - 20:15 (Benedito Generoso da Costa) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
DIÁRIO ABERTO DE PADRE MÁRIO
2009 JUNHO 23

Nem os bispos residenciais sabem o que hão-de dizer sobre o chamado "Ano Sacerdotal", que o papa Bento XVI tirou, agora, como um coelho da cartola e decretou que se prolongue até ao início do próximo verão de 2010. Tão pouco os padres-párocos, que o são de uma mão-cheia de paróquias ao mesmo tempo, só porque as paróquias territoriais continuam a ser as mesmas de há 40-60 anos, mas os padres-párocos é que não só já não são mais os mesmos, como ainda por cima hoje são tão poucos em número e, em geral, de tão fraca qualidade, que bem pode falar-se de uma espécie rara e em vias de extinção. Li algumas das intervenções dos bispos, na abertura do "Ano Sacerdotal" e ouvi as declarações em vídeo - em forma de curta entrevista mais ou menos encenada - de um pároco do Patriarcado de Lisboa, ordenado há sete anos, e com pouco mais de 30 anos de idade. Concluí que andam todos aos papéis. Como aos papéis, anda o papa Bento XVI que acaba de tirar este coelho da cartola, para ver, se, deste modo, as novas gerações descobrem que ser clérigo-funcionário eclesiástico católico e mais ou menos mercenário de várias paróquias ao mesmo tempo, é um projecto de vida aliciante e com futuro promissor. Nem ele, nem a Cúria Romana que manda nele - o papa pensa que manda na Cúria Romana, mas é a Cúria Romana que manda no papa - sabem nas que se meteram, quando tiraram este coelho da cartola. Porque o Ano Sacerdotal só vai mostrar à saciedade que o rei vai nu, quer dizer, vai mostrar que este tipo de Igreja eclesiástica que temos e este tipo de padre-pároco que a Igreja eclesiástica insiste em produzir, mero funcionário eclesiástico e mercenário de várias paróquias ao mesmo tempo, celibatário à força, ocupado a tempo inteiro com ritos e rezas e outras coisas eclesiásticas mais, não interessam a ninguém, nem sequer ao menino-jesus. Chega até a parecer que nem o papa, nem os cardeais da Cúria Romana, nem os bispos residenciais, nem os párocos de várias paróquias ao mesmo tempo vivem neste nosso mundo do século XXI. Todos são nossos contemporâneos, é certo, mas apenas segundo o calendário civil por que todos nos regemos. Em tudo o mais, todos eles são como extraterrestres fora de moda, não porque vivam adiantados no Tempo, mas porque, ao contrário, vivem ainda no tenebroso Tempo da Idade Média, quando as populações, como árvores que nasciam e morriam no chão da paróquia, eram obrigadas a organizar as suas vidas à volta do campanário e da igreja paroquial; o domingo era o dia do senhor (não sabemos bem se do senhor deus, se do senhor abade, se dos dois ao mesmo tempo!); de manhã, a missa inteira, e, de tarde, o terço, com adoração e bênção do santíssimo sacramento, tudo muito bem regado com cantos beatos, como "queremos deus, homens ingratos", "ó salutaris hostiae", e "tantum ergo sacramentum, veneremur cernui", assim mesmo, em latim. Só que hoje, as populações, felizmente, já não são mais "ovelhas" nem "carneiros", não são mais "rebanho" (ainda que, em algumas aldeias do interior, elas continuem a viver quase todas mais ou menos a toque de caixa do senhor abade, como sucede aqui, em Macieira da Lixa; com lágrimas o escrevo). O Moralismo clerical dos séculos passados implodiu e hoje já nem as crianças suportam a catequese paroquial, menos ainda a missa paroquial ao domingo. Ainda são muitos milhares, no nosso país, as crianças que frequentam a catequese e a missa, mas apenas porque os pais as obrigam, numa ditadura doméstica que, em muitos casos, ainda resulta, mas só até à saída da adolescência. Depois, é a debandada geral da paróquia, com a mente cheia de mentiras e de infantilidades que anos de catequese lhes meteram dentro e que, em menos de três tempos, as novas gerações fazem ruir, como na implosão de um prédio. Tudo está mal, nesta iniciativa do papa Bento XVI, mesmo assim, logo servilmente acolhida e prosseguida pelos bispos residenciais, seus vassalos nas respectivas dioceses, e pelos párocos, vassalos dos bispos residenciais e do papa, nas paróquias que lhes foram confiadas. Até a designação "Ano Sacerdotal" está mal. Porque, em Igreja, a de Jesus, não há, nunca houve, nem nunca pode haver, sacerdotes. Há ministérios ordenados, bispos, presbíteros e diáconos, mas não sacerdotes. O sacerdócio tem tudo a ver com as Religiões, melhor, com o Poder Religioso-sacerdotal. Vem já, desde os primórdios da Humanidade. Tem por pai, o Medo e por mãe, a Mentira. No princípio, foi o sacerdócio, melhor, o Poder dos sacerdotes. Depois, veio o Poder Político. Os dois, como um só, têm o Medo por pai e a Mentira por mãe. Os dois não suportam a Liberdade Humana, menos ainda, seres humanos indomáveis, insubornáveis, livres. E, porque o sacerdócio já vem desde o princípio, e, logo depois, se lhe colou o Poder Político, as populações e os povos, com o passar do Tempo, interiorizaram que ambos são coisa boa e que vêm directamente de Deus. E vêm, mas apenas do Deus-Ídolo. Foi só com Jesus, o Crucificado na Cruz dos dois Poderes coligados, o Sacerdotal e o Político, tidos ambos por divinos e, por isso, incontestados /temidos /obedecidos - o Templo e o Império - que pudemos "ver", com os olhos da mente e da consciência, que os dois, afinal, não passam de assassinos. De perversos. Divinamente /idolatricamente assassinos. Divinamente /idolatricamente perversos. Inimigos do Humano. Donos /senhores /amos /patrões do Humano. Carrascos do Humano. Descriadores do Humano. É por isso que o Momento irrepetível e único da Morte Crucificada de Jesus na Cruz do Império e do Templo coligados, é o verdadeiro Big-Bang da Humanidade liberta para a Liberdade. O seu Alpha. E simultaneamente o seu Ómega. A Luz veio ao Mundo, mas os sacerdotes-mercenários do Poder Sacerdotal e os funcionários-mercenários do Poder Político, no caso, do Império, ao verem-se desmascarados por ela, mataram-na, para que nunca mais a Humanidade tivesse consciência do facto e continue a aceitar uns e outros como realidades naturais, queridas /instituídas por Deus. E são-no, ambas, mas apenas do Deus-Ídolo, sem dúvida, o Inimigo maior de Deus, o de Jesus, e o Inimigo maior do Humano, precisamente, porque ele é, por sua natureza, mentiroso e assassino, o descriador do Humano. Em Igreja, a de Jesus, falar de Sacerdócio é um contra-senso. A Igreja nasceu, com a missão duélica e martirial, de prosseguir, na História, a mesma Missão de Jesus, o Crucificado na Cruz do Império e do Templo coligados. Por isso, se, em lugar de bispos, presbíteros e diáconos - mulheres e homens, indistintamente, em radical igualdade e em Liberdade, sem quaisquer espartilhos de leis eclesiásticas, muito menos da inumana lei do celibato obrigatório - a Igreja ordena sacerdotes, como numa monarquia, cria hierarquias ou Poderes sagrados, cria Poder Sacerdotal, entra, então, pela via da Idolatria e torna-se o sal que perde a força de salgar, como tal, tem de ser lançada fora da vida dos Povos e pisada por eles. Esta minhas palavras são duras, mas saibam que estou a reproduzir palavras de Jesus, o do Evangelho de Mateus. Não há como lhes escapar. Tudo está mal neste iniciativa do papa, que os bispos e os párocos, como funcionários locais da mesma Transnacional católica romana, logo fizeram sua e executam, sem pararem um tempo sequer a pensar se ela é oportuna. E, se achassem que era oportuna, se ela deveria ser realizada com os mesmos conteúdos que o papa lhe dá e se haveria de ter os objectivos que ele lhe apontou. Mas pode um vassalo alguma vez pensar diferente do seu amo /senhor /dono /patrão? Pode um vassalo ter pensamento próprio? Não lhe cabe exclusivamente obedecer, cumprir a vontade do seu amo e fazer com que ela seja executada pelos seus súbditos? Não é para isso que o vassalo foi posto no lugar de proa que tem? Ouvi a curta entrevista daquele pároco de pouco mais de 30 anos de idade, do Patriarcado de Lisboa e li um resumo escrito na primeira pessoa do que foi o seu último domingo na paróquia de Cascais. Fiquei com os cabelos em pé. O seu rosto tenta aparentar felicidade, mas o olhar é uma lâmpada apagada. Nenhum brilhozinho nos olhos nem nos forçados sorrisos. Nos seus trinta e poucos anos de idade, o actual pároco de Cascais tem todo o aspecto de homem caçado, castrado, atado de mãos e pés e com uma venda nos olhos. Como Lázaro, o da narrativa teológica do Evangelho de João. A paróquia onde vive e trabalha é o seu túmulo, como ser humano. Só pode ser. O rosto, na entrevista, não engana. Será que o Cardeal Patriarca de Lisboa não vê? Mas como pode ele ver, se é cardeal e patriarca, se é Poder sacerdotal, o do topo da pirâmide eclesiástica, no território do Patriarcado? Alguma vez o Poder sacerdotal consegue ver? Não é cego e demente-demente? As respostas que o referido pároco dá a quem conduz a entrevista são dum vazio atroz. Duma banalidade de partir o coração. São respostas de quem anda perdido, sem rumo, sem afectos, sem Projecto, numa palavra, de um funcionário eclesiástico e mercenário, de um vassalo, sem Liberdade. Não são de um Ser Humano. São de um autómato, de um robot. Existe só para obedecer, para executar, não para criar. É, por isso, um vivo morto, um morto vivo. Acham que, assim, mobiliza alguém da mesma idade dele, ou mais novo ainda?! O seu último domingo, 21 de Junho 2009, segundo o próprio conta em depoimento escrito na primeira pessoa, começou com a Missa e prosseguiu, na parte da manhã, com a bênção de uma nova igreja. Tudo coisas eclesiásticas, inócuas, sem nenhuma criatividade, apenas ler o missal romano e o ritual da bênção de uma nova igreja. O seu ego, assim em tanto destaque, com uma assembleia calada a seus pés e que aparece sempre, seja ele ou outro qualquer que lhe vista a "farda" e realize os mesmos ritos - não é um Projecto que a mobiliza, muito menos são os afectos, apenas as rotinas, a tradição, o uso e o costume, a habituação, a obrigação - pode ter-se sentido compensado, só porque, agora, ainda está nos começos. Dentro de poucos anos, será uma estopada, uma rotina que lhe causará vómitos. Porque um homem de pouco mais de 30 anos, em seu perfeito juízo, na plenitude das suas capacidades mentais e físicas, não pode sentir-se bem com estas rotinas, um domingo, após outro. Ou acham que pode?! Da parte da tarde - conta o mesmo pároco de Cascais na primeira pessoa - houve administração do Crisma na paróquia. Crisma, exige presença do bispo, que o pároco não está mandatado para o fazer. Tem de presidir à Eucaristia, o Sacramento dos Sacramentos, mas não pode presidir ao Crisma, canonicamente reservado ao bispo residencial ou um dos seus auxiliares! No caso, foi um dos auxiliares do Patriarcado, o bispo Carlos Azevedo. "Tão cedo - escreve o pároco na primeira pessoa - não esquecerei o rosto, o olhar, o sorriso e até as lágrimas dos que foram ungidos com o Santo Crisma. E eram ‘meus`. Conheço-os, reconheço a acção do Espírito que nos une de uma forma nova." E conclui: "Depois da última missa, ainda houve tempo para estar com alguns dos novos crismados." As palavras têm alguma veemência, mas daquela veemência meramente eclesiástica, religiosa, típica da alienação. É uma euforia sem Política Praticada, sem Projecto Político, apenas fruto do Ritual executado na perfeição. Como a euforia do que tomou uma reforçada doze de ópio. Uma euforia que não tem pernas para andar. Porque não tem Projecto Político. Nasce e morre no interior do espaço sagrado, religioso, eclesiástico. Quando este homem um dia acordar vai ter vergonha do que andou a fazer antes. Pode acontecer é que nunca acorde. E, então, viverá drogado /alienado para o resto da vida. Mas acham que haverá muitos outros da sua idade ou ainda mais novos que lhe sigam as pisadas? Que abismo entre este homem-pároco de Cascais em 2009, e o Homem Jesus, apenas uns poucos anos mais velho que este, mas ainda na casa dos trinta anos, que o Império e o Templo coligados mataram, em Abril do ano 30, na sua Cruz! A Jesus, porque Jesus é a Luz do Mundo, não a Treva do Mundo, os do Poder Sacerdotal e do Poder Político mataram-no na sua Cruz, como o maldito. A este, que é a Treva, o funcionário eclesiástico e mercenário do Religioso, o Poder sacerdotal do Patriarcado faz dele o seu principal funcionário-mercenário na paróquia de Cascais, às portas de Lisboa. Ano Sacerdotal? Não, obrigado! Presbíteros da Igreja, mulheres e homens indistintamente, outras tantas presenças maiêuticas na Sociedade, serão sempre bem-vindos. Mas a estes o Poder Sacerdotal é o primeiro a odiá-los, a excomungá-los, a excluí-los, a matá-los, pelo menos, simbolicamente. Porque não pode com a luz que as suas vidas, saudável e fecundamente, dissidentes, indomáveis, insubornáveis, livres, estão a trazer ao Mundo e que o desacredita a ele por completo, como Poder Sagrado e Sacerdotal que tem por pai o Medo e por mãe a Mentira e por prática de todos os dias a Idolatria. Quando é que, em Igreja, nos dispomos a sair da Treva para a Luz? Do Deus-Ídolo, para Deus-Abbá, o de Jesus e o nosso? Da Idolatria para as Práticas Políticas Maiêuticas e para os Duelos Teológicos? Saibam que é o que eu, presbítero da Igreja do Porto, mais desejo para toda a Igreja.

P.S.
Amanhã, quarta-feira, 24, não deverei escrever neste Diário Aberto. Logo de manhã bem cedo, sairei de casa em direcção ao Porto, onde vou tomar o comboio, rumo a Lisboa, a convite do programa AS TARDES DA JÚLIA, na TVI, para participar, juntamente com um outro convidado assumidamente ateu, num pequeno debate sobre uma temática com algum interesse: "É possível a Esperança, sem Deus?" Saudar-Vos-ei desde lá.

Nota: Se quiserem comentar, façam-no por e-mail para padremario@sapo.pt

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PADRE MÁRIO DE MACIEIRA DA LIXA




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