Fui da Praça da Alegria
Um ilustre engraxador
Para dar lustro à fantasia
Do calçado em desamor.
Menina... Faça o favor
Nunca dê seu sapatinho
Porque a mão negra da dor
Vai roubar-lhe o brilhozinho.
Bem lustroso e limpinho
Gosto de ver o calçado
Para que o tal cheirinho
Não fique lá agarrado.
À esquina do passado
E ao correr da minha caixa
Com a pomada dum fado
Até dá gosto dar graxa.
Parti da Praça, na baixa
da minha bela cidade
E desde aí a dar graxa
Engraxei a liberdade.
Hoje sou com humildade
O homem que o mundo vê:
Engraxador da saudade
Que engraxou na Tê Vê!