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Artigos-->O Medo do Desconhecido -- 25/02/2004 - 13:31 (Lílian Maial) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O medo do desconhecido

Lílian Maial











Nunca havia pensado muito sobre isso, até receber um e-mail de um amigo querido, falando sobre o tema. Ele dizia que "o traço comum a todos é a aversão à morte, a inquietação diante do medo e do desconhecido". De repente, não sei bem o porquê, isso me incomodou.



Até então, o que eu pensava da morte é que ela seria fim do imenso prazer de se estar vivo. E eu, que sentia isso tão distante, nunca parei para realmente refletir a respeito.



Como ele, o meu amigo, também não quero morrer. Também "prefiro viver, mesmo que agruras e desencontros permeando a existência contraditória". Não quero morrer, porque não acredito em nada após essa vida. Não que tenha medo, não tenho, mas recuso-me a tentar embalar a idéia de separação e perda, numa possibilidade ilógica e absolutamente sem pé nem cabeça, de voltar em outro corpo, outra era, com outros parentes, tendo que reaprender as coisas, como se já não tivesse refeito meu caminho tantas e tantas vezes por aqui. Nego-me a aceitar a idéia de que já estive aqui e ainda vou voltar. Ora bolas, não tenho a menor vivência de tais eras passadas, então, qual a “moral da história”? Qual o sentido de voltar sem se saber a quê veio? Não tem lógica!



Claro que logo argumentariam qual seria a lógica de se viver sem um propósito, sem um motivo.



A esses, eu responderia que somos o resultado de um acaso. Não houve uma mente pensante, do tipo: “vou fazer o mundo, colocar os caras ali e ver se eles aprendem o verdadeiro sentido da vida”.



Na na ni na não! Não vou enveredar por esses caminhos. O ser humano tem essa coisa de tentar buscar uma explicação para tudo, é natural, eu mesma sou assim. Mas a ciência já nos apontou o caminho há tanto tempo e, ainda assim, a teimosia (outra característica humana) impera.



Penso na vida, na existência, como fração de segundo, que se esgota, quando termina seu tempo. Tempo esse que, felizmente, não sabemos nunca quando findará. É química, física, matemática, impulsos elétricos, reflexos, uma mistura danada de boa!







Não, não tenho medo, por mim, de terminar meus dias. Não há céus e inferno, ao menos não essa idéia de postergar a conta pra outra vida. Somos o que somos, o que fazemos e o que conseguimos driblar, seja por bem, ou por mal. Não há recompensa, que não esteja dentro de nós. Não há juízo final, que não aquele, lá dentro, numa audiência presidida por nós mesmos, onde fazemos o papel de vítima e réu, de defensor e promotor da acusação, de culpado e inocente. Nossa consciência está bem viva, todos os dias, quando deitamos a cabeça no travesseiro. E não há presídio pior do que o interno. Aquele de onde não se tem como escapar, que não há condicional, muito menos apelação. Sabemos exatamente onde está a arma, quem é o culpado e qual a pena.







Não, definitivamente não gostaria de morrer, é certo, porque aqui está muito bom, estou bem assim. Ainda tenho muito o que ver, ouvir, sentir, testar, provar. Por isso não quero que acabe todo esse mel, esse perfume, essa beleza, essa sinfonia que é viver.



Mas temo muito mais pelos que ficam, marcadamente os filhos que, mal ou bem, esperam que sejamos imortais, até que eles próprios se tornem deuses.







Como disse sabiamente esse meu querido amigo, "quem mandou pôr maçãs no Éden?".



Segundo ele, deram-nos a tentação de sempre querer mais e mais. De não desistir, de sempre buscar a beleza e o amor. Não encaro como defeito, mas como característica. É humano ter curiosidade, ambição, desejos e necessidade de satisfação deles.



Ah, o amor... e ainda por cima temos que encarar esse negócio de paixão, de amor, de outra metade da maçã.



Eu devolvo a pergunta desse meu amigo pensador, que formulou a questão se teria graça esse mundo sem maçãs, com a assertiva de que também não haveria a menor graça se existissem maçãs, sem ninguém a desejar comê-las.



Já que temos que morrer, que morramos saciados, plenos de vida.







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