A COISA ANDA PRETA

(Por Domingos Oliveira Medeiros)





Pois é. As coisas não andam mito bem para o lado do PT. O tempo está passando de nublado a fechado; encoberto de nuvens negras. A qualquer momento o temporal desaba. Não faz muito tempo, a cúpula do partido do presidente Lula estudava a suspensão da senadora Heloísa Helena (PT-AL), por causa de seu voto contrário à aprovação da reforma da Previdência, nos termos proposto pelo governo. O que acabou acontecendo.



Em São Paulo, com a prisão preventiva decretada pela Justiça, o empresário Sérgio Gomes da Silva, conhecido como Sombra, acusado de ser o mandante do crime do prefeito Celso Daniel, do PT, se entregou à polícia, e o processo foi reaberto. Há questões mal resolvidas e pendentes.



Na ocasião do encontro, que tratou sobre o novo modelo do setor elétrico, Lula prometeu o fim da escuridão, dizendo que “Os apagões e o racionamento de 2001 e 2002 são coisa do passado”, mas, por outro lado, não foi claro em relação às medidas que irá tomar para atingir este desiderato.



De outra parte, a Procuradoria da República no DF ingressou com ação de improbidade administrativa contra a ministra Benedita da Silva, por indícios de irregularidades em viagens à Argentina, aos Estados Unidos e a Portugal. Pelo jeito, a ministra também teve o seu momento de trevas: se condenada, poderá, perder os direitos políticos por oito anos.





Em Campo Grande, o primeiro resultado da reforma da Previdência: o Zeca do PT, seu vice e todo o secretariado saíram do vermelho: a Assembléia Legislativa de Mato Grosso do Sul aprovou aumento salarial de 100 % com a justificativa de que o reajuste foi necessário devido à reforma da Previdência, que estabeleceu os subtetos nos Estados.



Desse jeito, até que dá para entender o desabafo do relator da reforma da Previdência, Tião Viana, do PT, que assim se pronunciou: “Agora poderemos dizer que temos uma Previdência capaz de garantir a proteção previdenciária às próximas gerações”. É, José. Parece que não há luz no final do túnel. E que já estamos bem próximos das “próximas gerações”, a que alude o citado relator.



E tem mais: a luz verde dos vaga-lumes que enfeitavam as noites escuras de Roraima, foram absorvidas pela nuvem de gafanhotos que atacaram a folha de pagamento dos servidores daquele Estado. E tem gente do PT tentando, com óculos escuros, aclarar as coisas, antes que o barco afunde.



E por falar em barco, lembrei-me do constrangimento porque passou o ministro da Justiça, que pretendia pintar com as cores verde, amarela, azul de brigadeiro, e branco da paz, ao indicar a promoção do ex-tenente Apolônio de Carvalho, militante comunista, ao posto de general, a título de indenização. A medida foi, de pronto, rejeitada pelo seu colega o ministro do EMFA, porque contraria legislação pertinente junto às Forças Armadas.



E tem mais: parece que o nosso presidente anda meio na escuridão. Primeiro, porque está exagerando em suas viagens. As últimas, ao Oriente Médio, então, nem se fala. Não faz sentido, para um país que não tem dinheiro nem para conceder um salário mínimo justo, gastar fortunas com viagens que incluem dezenas de políticos e apadrinhados, no pressuposto de reativar o comércio bilateral. Para isso existem as nossas representações diplomáticas. Ademais, nosso regime é Presidencialista, e não Parlamentarista. E, sendo assim, não cabe ao presidente dar a volta ao mundo em centenas de dias. É preciso delegar competência para quem tem competência para tal. Ou valer-se da Internet que já disponibiliza vários sites sobre negócios no exterior.



Provavelmente, ao fazer a sua pregação no deserto, tenha entrado areia nos olhos do presidente; e, por isso, sua visão esteja como que apagada. Sendo assim, não há modelo energético que dê jeito. Só um bom oftalmologista poderá sugerir a troca de óculos. Tanto para longe, como para perto.



E tem mais: no Ministério dos Transportes, o ministro afasta o diretor do Dnit (antigo DNER) e, poucos dias depois, anuncia que também vai sair. O ministro Anderson Adauto, segundo a imprensa, foi acusado, pelo Ministério Público, de desvio de R$32 milhões de recursos carimbados, provenientes do BIRD, destinados à obras nas estradas brasileiras que, como todos sabem, estão abarrotadas de buracos e sem manutenção alguma, acarretando riscos para os que nelas trafegam. A denúncia teria sido feita pelo diretor-geral do próprio Departamento Nacional de Infra-Estrutura dos Transportes (Dnit).



Não bastando estes fatos, no Ministério da Cultura, comandado pelo Gilberto Gil, está em urso uma briga interna entre o secretário-executivo, Juca Ferreira, e o grupo liderado pelo secretário de Desenvolvimento de Programas e Projetos, Roberto Pinho, colocou a Pasta em processo de confusão generalizada, a ponto de o ministro Gil ter sido criticado, por Roberto Pinho, já demitido, pelas constantes ausências ao ministério, para atender interesses particulares.



Finalmente, ufa!....a bomba do caso Waldomiro, que explodiu no dia da comemoração dos vinte e quatro anos de fundação do PT. E que está em curso. Vamos ver qual será o bicho que dará na cabeça. Esperamos que as investigações apurem tudo. E que o resultado final não seja uma grande zebra.



Tem muita gente mandando e dando palpite. Falta integração entre a equipe. Faltam diretrizes a serem preconizadas e cobradas pelo presidente. Que precisa viajar menos. O gado só engorda às vistas de seu dono. O governo está em pleno abandono. Só rezando muito, para ver se algum milagre acontece. Nem que seja a prisão de algum corrupto.