Pensamentos no escuro
Léo Teixeira
Já não sou aquela fortaleza,
Que você me admirava,
Já não sinto aquela beleza,
Que o mundo espelhava.;
Já não vejo aquela maravilha,
Que a vida me proporcionava,
Aquela luz forte que brilha,
Onde o velho se transformava,
Em um novo fascinante,
Que em um só instante,
Percebo a participação,
É um pequeno detalhe,
E a real dedicação,
É o que mesmo vale.;
Não estou com aquele dote,
Agora assisto em camarote,
Intocável, frágil, sensível, presente, porém omisso,
Falho, humano, imperfeito, cade o compromisso?
E se aquele seu conceito,
No qual eu bem respeito,
A sua diferente opinião,
Se tudo é relativo,
Qual a causa da confusão?
Se você busca um motivo,
Para esperar a perfeição,
Sabendo que 100% não existe,
Vai notar a decepção,
Pois a vida não se consiste,
Em manter em detenção,
A posse de objeto material,
Também não viver em função,
Daquele grande plano espiritual.;
Não quero ser um dono,
Se sempre existe uma chance,
Também não quero o abandono,
Por mais que não alcance.;
Por que não faz por merecer,
Se você quiser mudar ou melhorar,
Procure se conhecer e convencer,
Mesmo se não quiser cooperar,
Veja bem, eu vou te falar,
Já que o auto conhecimento é o mais difícil,
E dar conselho é o mais fácil,
Bombardearei com um míssil,
Só para me desabafar:
A grande revolta interna,
Que queria dois mundos mudar,
... a sua vida mais externa,
que se exploda pelo ar!
E não lhe darei opinião,
Eu direi não,
Sendo seu coadjuvante.;
Mas se for protagonista,
Vamos lá. Direi: Avante!
Já que se pode melhorar,
Nada mais resta,
Para dizer que não presta,
É preciso muito saber,
Que quanto mais se estuda,
Mais é preciso entender.;
Nada adianta quem empurra,
O que não é essencial,
Porém eu me contemplo,
Em saber que o fundamental,
É que só seu próprio exemplo,
Poderá algo valer,
Não adianta chorar,
Não basta pensar,
Há que se entender,
Que daqui nada irá levar.;
Você pode muito bem imaginar,
Mas somente ao sonhar,
Você consegue visualizar,
E então transformar,
Um fato e o objetivar!
Se você se enche,
E não for esvaziar,
Logo vai transbordar,
Ou vai estourar,
Se nada te afeta,
E você quer despedrejar,
Veja bem, eu sou poeta,
Será que não me vê,
Assim como você,
Tudo pode transformar!
Sou humano com um coração,
Tão pequeno que mal cabe na minha mão,
Já fui ferido, estive cicatrizado,
Com ele corroído, esmagado,
Porque você desejaria um homem sério,
Romântico, agradável... mas há um mistério,
É saber que prefere um safado, talvez maxista,
Me desculpe não entendo, seria masoquista?
Eu quis acender a luz do interruptor,
Mas só vi a escuridão,
Olhei no espelho, vi um impostor,
Querendo que eu piorasse,
Que eu me revoltasse,
Mas eu quero é melhorar,
E se nós quisermos mudar,
Primeiro é preciso querer,
È fazer acreditar,
Para poder acontecer...
Vem comigo, segure minha mão,
Apareça, sinta meu coração,
Por mais que nada aconteça,
Jamais julgue o que não viveu,
Venha, para dizer adiante:
Se valeu ou não valeu!
Antes tive medo de perder,
O jogo do mundo,
Comecei a entender que o buraco é mais fundo,
Mas a vida não é jogo, nem brincadeira,
Que dia vai parar toda esta besteira,
Uma real ilusão,
Das máscaras, do fingimento,
De tudo o que não me contento,
E não se poderia ver,
Que uns só vivem por viver,
Outros mal nasceram e já querem morrer,
Bem raro uns conseguem muito amar,
Poucos estão dispostos a lutar,
Até quando a inércia vai te prender?
Quando é que vamos nos superar?
Mesmo assim, acho que ainda vale tentar,
O pior que pode se realizar,
É alguma negação,
Mas seria muito pior dizer que não sentiu,
Ou sentir esta saudade do que ainda não viu...
Léo Teixeira, em 1997 |
